"E pai pra quê?" : quando as crianças abrem o verbo acerca das paternidades

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Zanette, Jaime Eduardo
Orientador(a): Felipe, Jane
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/282696
Resumo: A presente tese trabalha com os conceitos de dispositivo da paternidade, a partir dos scripts de gênero e infâncias, tendo como principal questão de pesquisa a seguinte pergunta: Como as crianças percebem as paternidades? De que maneira os scripts de gênero atravessam e dimensionam essa(s) percepção(ões)? O objetivo geral desta investigação é perceber, sob o olhar das crianças, como os scripts de gênero são acionados e contribuem na produção de masculinidades, especialmente aquelas que paternam. No que diz respeito aos objetivos específicos, este trabalho busca: a) compreender acerca dos scripts de gênero e as relações de poder que estão em jogo na produção de subjetividades masculinas; b) analisar a situação das paternidades no contexto investigado; c) identificar as normas que circunscrevem os scripts de paternidade. Para fundamentar teoricamente esta pesquisa, operei com os conceitos oriundos dos Estudos de Gênero, bem como dos Estudos Culturais e da Sociologia da Infância, sob a perspectiva pós-estruturalista de análise. Para a produção de dados, recorri à pesquisa com crianças entre 4 e 5 anos de idade, em uma escola de educação infantil da região metropolitana de Porto Alegre/RS, empregando ferramentas metodológicas como: observação participante, contação de histórias, leitura literária, rodas de conversa, desenhos e brincadeiras. Os resultados apontam para a importância de discutirmos e aprofundarmos os conceitos de dispositivos da paternidade, de que forma são constituídos e seus impactos na vida das crianças, em especial no que se refere à presença-ausente dos pais, conceito desenvolvido nesta pesquisa para discutir outros modos de abandono em relação à prole. As análises mostraram que as crianças participantes da pesquisa incorporaram em suas falas a ideia de naturalização do abandono, a partir de determinados scripts de gênero, atribuindo aos homens uma incapacidade para o cuidado. Além disso, algumas delas, não raras vezes, expressaram sentimentos de culpa diante do abandono paterno. Também é importante referir que as escolas, por vezes, executam estratégias que naturalizam a ausência dos pais diante das demandas escolares, o que mostra a necessidade de desenvolvermos um trabalho de aprofundamento teórico nas formações iniciais e continuadas do corpo docente que atua na Educação Infantil.