Acesso e saúde da população negra : uma pesquisa sob a ótica do pensamento complexo em um quilombo urbano na cidade de Porto Alegre

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Minuzzo, Fabiana Aparecida Oliboni
Orientador(a): Oliveira, Daniel Canavese de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/238228
Resumo: O quadro histórico que representa as precárias condições em que vive a população negra no Brasil expressa como se consolidou sua inserção nesta sociedade que, mesmo após a abolição da escravatura, se manteve em uma posição de desvantagem social em relação à população branca. Este estudo, de cunho qualitativo, teve como objetivo central avaliar as percepções de mulheres de uma comunidade quilombola em relação ao acesso e qualidade da atenção prestada por uma Unidade de Saúde da Família. O objetivo específico foi identificar fatores que facilitam ou dificultam o acesso à Unidade de Saúde da Família. A pesquisa de campo ocorreu no período de julho a setembro de 2017 na Comunidade Quilombola Urbana Quilombo dos Alpes, localizada área de abrangência territorial sob responsabilidade sanitária da Unidade de Saúde da Família Estrada dos Alpes, no município de Porto Alegre/RS. Foram entrevistadas dez mulheres, de acordo com os critérios de inclusão definidos: ser moradora da Comunidade Quilombola com idade igual ou superior a 18 anos de idade. O tratamento e análise do material produzido pelas entrevistas foi submetido ao método de análise de conteúdo, fundamentado na identificação de elementos pertinentes, gerando as categorias, inter-relacionadas: racismo, práticas de saúde e cultura. O estudo permitiu identificar aspectos que conduzem a relação entre usuárias e serviço de saúde da família demonstrando que, apesar de transformações nos modelos de atenção à saúde, configura-se ainda um acesso ao serviço de saúde centrado no modelo biomédico centrado. O racismo institucional foi revelado como elemento determinante para a não efetivação do acesso à saúde demonstrando sua presença entranhada nas relações sociais, de trabalho e de cuidado produzindo condutas discriminatórias que interferem negativamente nos processos de vinculação e acesso efetivo ao serviço de saúde. A marginalização social vivenciada expressa uma realidade em que o racismo e atos de discriminação revelam-se como determinantes das condições vida e de limitações ao acesso à saúde desta população. A cultura negra e sua herança, que perpassa diferentes gerações, evidenciou práticas de cuidado à saúde inerentes a uma comunidade tradicional com forte vínculo com um ambiente que oferece terapias através de ervas medicinais. As experiências de cuidado vinculadas à natureza destacam a necessidade de uma nova conformação nas relações terapêuticas entre profissionais e comunidade, transpondo um modelo de atenção protocolar e institucionalmente consolidado. A compreensão e reconhecimento das práticas populares de saúde vivenciadas pelas mulheres significa possibilidades de transformações potencializando o vínculo e o cuidado à saúde compartilhado de acordo com as especificidades locais. O desafio da consolidação do acesso à saúde de acordo com as especificidades da população quilombola remete a transformações e adaptações do modelo de atenção institucionalmente constituído aos costumes e demandas de uma população que traz consigo heranças históricas e singulares nos modos de cuidar à saúde