Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2009 |
Autor(a) principal: |
Souza, Francisco Steiner de |
Orientador(a): |
Freitas, Thales Renato Ochotorena de |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/197278
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Resumo: |
A família Ctenomyidae é o grupo mais diverso em número de espécies de mamíferos subterrâneos, compreendendo apenas um gênero (Ctenomys) e um total de 60 espécies viventes. Sendo endêmico da América do Sul, o gênero é distribuído desde os Andes no sul do Peru e Bolívia e no nível do mar no Chile, abrangendo também a Argentina até o sudoeste do Brasil e Uruguai. Vivendo em tocas escavadas no solo, suas principais adaptações morfológicas ao modo de vida são o corpo cilíndrico, órgãos de visão pequenos, pavilhão auditivo reduzidos e modificações para a escavação no crânio e incisivos, assim como membros locomotores curtos e robustos. O gênero Ctenomys é em geral um garra-escavador e secundariamente um dente-escavador, porém ocupam uma vasta área na América do Sul, sendo que as diferentes espécies acabam apresentando diferentes comportamentos em resposta a diversos habitats e a diversos tipos de solos. Neste trabalho foram analisados o úmero (n=156) de quatro espécies de Ctenomys que ocorrem no sul do Brasil, C. flamarioni, C. minutus, C. lami e C. torquatus. As áreas de ocorrência destas espécies vão desde as primeiras linhas de dunas do litoral (C. flamarioni, C. minutus) aos campos arenosos das planícies costeiras (C. minutus, C. lami) e os campos sulinos dos pampas gaúchos (C. torquatus). E mesmo não havendo uma filogenia robusta para o gênero, sabe-se que C. flamarioni pertence ao grupo monofilético “mendocinus” e C. torquatus, C. minutus e C. lami fazem parte de outro grupo monofilético (dados inéditos). Para analisar a diferença da forma e tamanho do úmero nos utilizamos a morfometria geométrica e observações quantitativas dos pontos de origem e inserção de músculos relacionados ao úmero. A morfometria geométrica foi uma revolução nos estudos de morfometria, porém não esta salva de problemas como a introdução de erros devido ao operador ou instrumentos de medição. E como o úmero é uma estrutura pequena e propensa a introdução de erros externo, nos desenvolvemos um protocolo funcional para o estudo da forma e medimos o erro devido ao operador (repetibilidade) e entre operadores (reprodutibilidade) e o efeitos da variação de poucos marcos anatômicos (“efeito pinóquio”) na interpretação dos resultados. Após a aplicação do protocolo foi possível confirmar a capacidade do operador em repetir as configurações de marcos anatômicos (m.a.) sem uma significativa variação, também foi constatado a necessidade de haver experiência na digitalização de m.a. e que existe um “efeito pinóquio” que pode interferir na correta visualização das deformações de marcos anatômicos. Na análise interespecífica C. flamarioni demonstrou ter o maior úmero, C. minutus e C. lami um tamanho intermediário e sem diferença significativa entre elas. E por último C. torquatus, com o menor úmero e sem dimorfismo sexual aparentes entre machos e fêmeas. Em geral C. flamarioni demonstrou ter a forma mais diferente entre as espécies analisadas, o que era esperado em relação as distâncias filogenéticas com as outras três espécies. Porém quando observamos as duas formas mais diferentes (C. flamarioni e C. torquatus) obtidas da análise discriminante linear (ADL), C. torquatus demonstra úmero mais robusto (independentemente do tamanho) em algumas regiões quando comparado com C. flamarioni. E cruzando os dados osteológicos com as observações qualitativas da musculatura, foi possível detectar uma maior diferença na porção proximal do úmero, que relacionada com inserção de importantes músculos extensores do ombro e peitorais podem acrescentar uma vantagem no aumento da força e que podem determinar a capacidade da exploração de diferentes durezas solos. Porém entre as três espécies (C. lami, C. minutus e C. torquatus) mais relacionadas filogeneticamente as diferenças de forma não são tão aparentes quando comparados com C. flamarioni-torquatus. Era esperado que C. torquatus tivesse o úmero mais robusto e com uma crista deltopectoral e côndilos mais pronunciados, porém as características osteológicas mais pronunciadas pertencem a C. lami e C. minutus (que vivem em solos mais macios quando comparados com C. torquatus). Corroborando com a hipótese de que dureza pode não ser diferente o bastante para produzir uma seleção forte. Ou talvez a divergência entre essas espécies seja tão recente que ainda não foi possível estabelecer “diferenças” na forma do úmero. |