Cardiopatia isquêmica em pacientes com diabete melito tipo 2 : análise dos criterios diagnosticos e dos fatores de risco associados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1997
Autor(a) principal: Beck, Maristela de Oliveira
Orientador(a): Gross, Jorge Luiz
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/197696
Resumo: A cardiopatia isquêmica (CI) é a principal causa de mortalidade em pacientes com Diabete Melito (DM) tipo 2. A doença coronariana é mais grave e extensa nestes pacientes. O excesso de mortalidade deve-se ao agrupamento de fatores de risco convencionais e a fatores especificamente relacionados ao DM. Os pacientes diabéticos apresentam também peculiaridades em relação às manifestações clínicas. A acurácia dos diversos métodos diagnósticos não invasivos utilizados para o diagnóstico de cardiopatia isquêmica não foi ainda suficientemente avaliada em estudos prospectivos de pacientes diabéticos. Os objetivos deste estudo foram analisar as manifestações clínicas e os testes diagnósticos não invasivos para a presença de cardiopatia isquêmica em pacientes com DM tipo 2; determinar as características clínicas e laboratoriais dos pacientes portadores de Cl e descrever os fatores de risco (como razão de chance) associados à presença de Cl de um modo geral e da forma assintomática. Foram estudados 120 pacientes ambulatoriais com DM tipo 2 (64 homens e 56 mulheres) com idades de 59 ± 8 anos e duração conhecida do DM de 11 ± 7 anos. Os pacientes foram submetidos a uma avaliação clínica para detectar Os objetivos deste estudo foram analisar as manifestações clínicas e os testes diagnósticos não invasivos para a presença de cardiopatia isquêmica em pacientes com DM tipo 2; determinar as características clínicas e laboratoriais dos pacientes portadores de Cl e descrever os fatores de risco (como razão de chance) associados à presença de Cl de um modo geral e da forma assintomática. Foram estudados 120 pacientes ambulatoriais com DM tipo 2 (64 homens e 56 mulheres) com idades de 59 ± 8 anos e duração conhecida do DM de 11 ± 7 anos. Os pacientes foram submetidos a uma avaliação clínica para detectar complicações crônicas e responderam ao questionário cardiovascular da Organização Mundial de Saúde para identificar a presença de angina do peito, infarto do miocárdio e claudicação intermitente. Foram realizados eletrocardiograma de repouso e cintilografia miocárdica com dipiridamol (técnica planar). A presença de cardiopatia isquêmica foi definida pelo questionário cardiovascular e/ou alterações eletrocardiográficas de acordo com o código Minnesota e/ou alterações na cintilografia miocárdica (isquemia ou necrose). A Cl foi diagnosticada em 53 (44%) dos pacientes. Nestes pacientes o questionário cardiovascular foi positivo em 24 (45%), as alterações do ECG em 28 (53%). A cintilografia miocárdica foi positiva em 30 (57%) e em 9 (17%) foi o único exame alterado. Portanto o questionário cardiovascular e o eletrocardiograma estabeleceram o diagnóstico de Cl em 83% dos casos. A comparação entre a cintilografia pelo método planar e SPECT foi realizada em vinte e três pacientes. Houve uma concordância diagnóstica em 83% dos casos. Os pacientes com Cl eram mais velhos (61 ± 7 vs. 58 ± 9 anos) com maior índice de massa corporal (28 ± 4 vs. 26± 5 kg/m2) e apresentavam níveis de pressão arterial sistólica (164 ± 23 vs. 152 ± 27 mm/Hg), de glicose plasmática em jejum (194 ± 77 vs. 167 ± 61 mg/dl) e de triglicerídeos (175 vs. 125 mg/dl) mais elevados. Os fatores de risco associados à presença de Cl, após ajuste pela análise de regressão logística foram a pressão arterial sistólica, níveis séricos de glicose e de triglicerídeos e a idade. Os pacientes com Cl apresentavam mais freqüentemente outras complicações macroangiopáticas. Vinte e nove pacientes (55%) com o diagnóstico de Cl não apresentavam nem haviam apresentado manifestações de desconforto precordial. Os fatores de risco associados à Cl assintomática, após análise de regressão logística, foram a presença de neuropatia autônoma e nefropatia e menor índice de massa corporal Em conclusão, a presença de Cl nesta amostra de pacientes diabéticos do tipo 2 foi estabelecida em 83% dos casos por história clínica e ECG padronizados. A cintilografia miocárdica apresentou uma resolução diagnóstica menor do que o esperado, provavelmente por fatores específicos relacionados ao diabete. A presença de Cl nestes pacientes foi significativamente associada com o aumento da pressão arterial sistólica, da idade, dos níveis de glicose e de triglicerídeos e do índice de massa corporal. A forma assintomática da Cl foi associada à presença de neuropatia autônoma e nefropatia diabéticas e menor índice de massa corporal. A análise de desfechos cardiovasculares definitivos nesta amostra de pacientes após um período de acompanhamento será importante para confirmar a acurácia dos critérios diagnósticos utilizados e dos fatores de risco associados.