A (im)permanência do educador na escola de educação infantil : relações de força e sentido no discurso docente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Silveira, Valéria da Silva
Orientador(a): Fiss, Dóris Maria Luzzardi
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/281990
Resumo: Com base na análise de discurso materialista fundada por Michel Pêcheux, esta pesquisa qualitativa objetivou escutar discursivamente os dizeres docentes de modo a compreender a (im)permanência do professor na Educação Infantil desde as condições de produção em que irrompem esses discursos, sendo necessário um trabalho de escuta discursiva dos dizeres docentes e do Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola – um corpus híbrido. O PPP, reelaborado no ano de 2019, se constitui em documento no qual circulam sentidos e saberes relacionados à Educação Infantil, docência e criança. Os depoimentos foram produzidos no primeiro semestre de 2024 em um grupo focal por educadoras que viveram uma experiência de nomadismo em razão de determinações municipais que envolveram seu reagrupamento em diferentes escolas. O trabalho analítico-discursivo implicou dar a ver na materialidade da linguagem o funcionamento do discurso, reconhecendo o modo como dizeres docentes e do PPP registram as atuações do social na linguagem em relação à noção de discurso. Os recortes decorreram de uma estratégia de observação do corpus empírico que considerou o que foi dito em excesso, possibilitando a identificação de regularidades no fio do discurso e a constituição de cinco Famílias Parafrásticas (FPs): Criança-Projeto e Criança-Potência, inscritas na Formação Discursiva Infância (FDI), e (Im)permanência, Do Excesso à Falta e Pertencimento, inscritas na Formação Discursiva Educação Infantil (FDEI). Buscou-se compreender processos discursivos, repetições, silenciamentos, pré-construídos, elementos que constituem a memória do dizer e, como entendido a partir das análises, funcionam nos modos como os docentes permanecem. O discurso do PPP estabelece diferentes relações com o discurso de grupos outros que têm se dedicado a estudar a criança – sociólogos, psicólogos, antropólogos, médicos, juristas, religiosos, educadores, políticos. O discurso colocado em circulação pelas professoras assume relação com um discurso anterior da mantenedora o qual está associado a um discurso anterior das políticas públicas educacionais no Brasil. Nas análises foi considerada, portanto, a relação do que é dito em um discurso com o que é dito em outro, o que possibilitou reconhecer não apenas que algo fala antes, em outro lugar, independentemente, mas também relações antagônicas. No que concerne especificamente aos dizeres docentes, se eles produziram um efeito de sentido de esgotamento em função da provisoriedade implantada há mais de dois anos, eles também produziram um efeito de sentido de resistência, empoderamento e afeto docente que irrompeu junto com uma posição de sujeito contrariada. Além disso, na relação com a língua e a história, os sujeitos se filiam a redes de sentidos em um gesto de interpretação. Ao fazê-lo, dizem o dito, mas também fundam um sentido outro. Assim sendo, compreender o trabalho dos sentidos sobre/com os sentidos implicou apreender os gestos de interpretação que os constituem. No caso desta pesquisa, a compreensão dos gestos de interpretação que (se) materializam o discurso no texto permitiu reconhecer não apenas o dito, mas também um sentido outro “fundado”: um sentido de escola como mais do que espaço físico a ser garantido; um sentido de escola como espaço de pertencimento.