Síndrome pulmonar por hantavírus : aspectos epidemiologícos e clínicos de 18 casos do Estado do Rio Grande do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: Severo, Marilia Maria dos Santos
Orientador(a): Knorst, Marli Maria
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/88353
Resumo: A infecção por Hantavirus pode causar febre hemorrágica com doença renal ou doença respiratória grave. Em novembro de 1998 foi diagnosticado o primeiro caso de Síndrome Pulmonar por Hantavirus (SPH) no Rio Grande do Sul (RS), Brasil. O objetivo deste estudo foi analisar os dados epidemiológicos, as características clínicas e a evolução dos casos de infecção por Hantavirus no RS. Foram estudados os dados dos primeiros 18 casos de SPH no RS, confirmada pela pesquisa de IgM para o vírus Sin Nombre pelo método de Ensaio Imuno Enzimático (ELISA), diagnosticados entre 01 de novembro de 1998 e 31 de dezembro de 2000. A média de idade dos pacientes foi de 39,8 anos (variando de 21 a 65 anos), 17 eram homens, 13 pacientes eram agricultores. As principais atividades de risco identificadas foram colheita e armazenamento de grãos (82,4%) e contato com roedores (76,5%). Os sintomas mais freqüentes foram febre (100%), mialgias (88,9%), dispnéia (88,9%), tosse seca (83,3%), dor abdominal (77,8%), vômitos (72,2%) e cefaléia (66,7%). Os achados mais comuns ao exame físico foram taquicardia (87,6%), hipotensao (72,2%), cianose (66,6%), agitação (55,6%) e edema periférico (38,9%). Treze pacientes (72,2%) apresentaram eventos hemorrágicos como hematúria (44,4%), hemoptise (27,7%) ou hematêmese (11,1%). Dois pacientes apresentaram insuficiência renal aguda grave. As anormalidades laboratoriais incluíram leucocitose (77,8%, média de 16,4 x 103 por mm3), freqüentemente com formas jovens, aumento de hematócrito (em 61,1% dos pacientes, média de 52,4%), trombocitopenia (em 9 de 12 casos, média de 91,4x 103 por mm3) e creatinina sérica aumentada (em 13 de 15 pacientes). A radiografia de tórax, realizada em 17 pacientes, mostrou infiltrado intersticial em 94,1%, padrão alveolar em 58,8% e derrame pleural em 76,5% dos casos. Sete pacientes, todos com insuficiência respiratória grave, foram a óbito (taxa de mortalidade de 38,9%). O número médio de dias do início dos sintomas até o óbito foi 7,3 (variando de 4 a 9). Concluímos que, nos nossos casos, a Hantavirose acometeu especialmente homens, em faixa etária produtiva, e que a zona rural foi o provável local de contaminação dos pacientes. Adicionalmente, a SPH caracterizou-se por um quadro febril agudo com queixas sistêmicas e respiratórias, podendo apresentar manifestações hemorrágicas e, infreqüentemente, insuficiência renal. Casos graves evoluíram com edema pulmonar, rapidamente progressivo. A letalidade relacionada à doença foi elevada.