Letras encruzilhadas: narrativas sobre a permanência no curso de licenciatura em letras da UFRGS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Lauermann, Renata de Oliveira
Orientador(a): Machado, Roseli Belmonte
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/279142
Resumo: Esta pesquisa procura discutir tensionamentos das relações, trazendo à tona a Licenciatura em Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a partir dos estudantes do curso. A pergunta central de pesquisa é: quais são as narrativas construídas por estudantes do curso de Licenciatura em Letras da UFRGS em relação às práticas vividas e às tecnologias de poder que envolvem processos de evasão e permanência no curso. Assim, a presente investigação objetivou analisar a evasão e a permanência dos estudantes do Curso de Licenciatura em Letras da UFRGS em suas relações com processos de in/exclusão inseridos na governamentalidade neoliberal. Essa pesquisa está amparada no campo dos Estudos Culturais em Educação, em que a sustentação teórico-metodológica é feita a partir da perspectiva Pós-Estruturalista, com ênfase nos Estudos Foucaultianos. Ao traçar o caminho e dar conta da problematização, procurei me instrumentalizar com as lentes analíticas da governamentalidade (Foucault, 2008) como noção metodológica que possibilita entender o presente. Ademais, a noção de governamentalidade, como grade de inteligibilidade, relaciona-se aos conceitos de ferramentas práticas, tecnologia e narrativa como instrumentos metodológicos na jornada de pesquisa. Ao compreender a relação das legislações e orientações curriculares sobre o currículo e o perfil do egresso do Curso, examinei como o Projeto Pedagógico do Curso (PPC) dispõe a estrutura curricular com base nas legislações vigentes e quais as propostas pedagógicas para pensar a permanência dos estudantes a partir dos processos inclusivos, postos em prática por meio das ações afirmativas. Para identificar as tecnologias de poder inseridas na governamentalidade neoliberal e presentes na constituição do Curso, analiso as narrativas dos estudantes através de material coletado por entrevistas de dois grupos: estudantes que estiveram em risco de evasão no ano de 2023 e estudantes que se formaram em 2023. Das análises, com as lentes teóricas escolhidas, chego a quatro categorias: A primeira, intitulada O curso de Letras com a perspectiva da evasão e permanência, aborda os estudantes se relacionam com o currículo na perspectiva do que a Universidade considera evasão e o que considera permanência. A segunda, chamada Formação docente em letras, uma análise sobre o perfil do egresso, trata de mostrar o como o perfil do egresso, construído ao longo do PPC, não dialoga com o estudante que está constituindo a formação, pois não traz elementos articulados com as vivências e expectativas dos estudantes. A terceira, que recebe o nome de Das narrativas às práticas, o neoliberalismo na sua relação com o currículo, procura trazer aspectos referentes a como os estudantes do Curso são conduzidos a assimilar habilidades e competências que garantam, em última instância, a performance e o desempenho requeridos pelo mercado, promovendo práticas no currículo que reproduzem uma lógica que privilegia o desempenho como principal medida de sucesso. Outro aspecto importante foi como a responsabilidade sobre si mesmos é reforçada pela forma como o currículo do Curso estão estruturados. E a última, nomeada de Permanência e evasão no curso de Licenciatura em Letras no contexto das ações afirmativas busca discutir como os estudantes cotistas se relacionam com o Curso e os desafios trazidos na sua jornada acadêmica em uma Universidade Pública. Ao final, percebeu-se que a permanência está relacionada à forma com que cada estudante vai constituindo e se ajustando ao que é esperado dele como acadêmico do Curso de maneira individual e isolada. Enquanto isso, os processos de evasão incidem sobre a jornada acadêmica de todos os estudantes, sem distinção entre as modalidades de ingresso. Porém, os estudantes cotistas precisam passar por condições e ajustes mais intensos ao ambiente acadêmico, adaptando-se à lógica meritocrática já existente na Universidade, evidenciando processos de in/exclusão.