Política de ações afirmativas na UFRGS : o processo de resiliência na trajetória de vida de estudantes cotistas negros com bom desempenho acadêmico

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Bello, Luciane
Orientador(a): Oliven, Arabela Campos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/35089
Resumo: Esta dissertação analisa o processo de resiliência em estudantes cotistas de escolas públicas autodeclarados negros com bom desempenho acadêmico (Taxa Integralização Média acima de 50%), que ingressaram pelo sistema de reserva de vagas aprovado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 2008. A partir de um breve histórico da política de ações afirmativas no mundo, no Brasil e na Universidade, há o destaque sobre as desvantagens que jovens negros vivem para ter acesso ao Ensino Superior neste país. Foram entrevistados dez estudantes, entre 20 e 33 anos, em sua maioria moradores da região metropolitana de Porto Alegre, de oito cursos diferentes: Ciências Contábeis, Direito, Engenharia Civil, Letras, Geografia, Biologia Marinha, Educação Física e Medicina Veterinária. Através da escuta sensível durante as entrevistas conhecemos a autodescrição e origem social dos estudantes: estudiosos, dedicados, eles reconhecem a importância da família, principalmente da figura materna, enquanto motivadora para superar obstáculos. A falta de modelos negros é uma constante nas suas trajetórias, seja como professores ou familiares em boas posições profissionais. Foi reconhecido o processo de resiliência em suas trajetórias como uma gama de superações frequentes: perdas familiares, necessidade precoce de afastamento dos pais em busca de melhores oportunidades educacionais, alvos de preconceito, dificuldades econômicas e limitações de acesso ao capital cultural mais valorizado pela universidade, foram fatores que não os impediram de realizar seus sonhos. Ao contrário, eles se tornaram mais resistentes, buscaram se reestruturar e crescer em resposta às situações de crise e aos desafios do cotidiano. A oportunidade de realizar um curso superior é vista como uma possibilidade de ascensão social. O ingresso na UFRGS é percebido por alguns destes estudantes como algo inacreditável, gerando expectativas e sonhos compartilhados por seus familiares. Estes estudantes conheciam pouco sobre o sistema de cotas antes de prestar o vestibular, e a assistência estudantil na UFRGS ainda não atende à maioria dos entrevistados. A instituição como um todo há que se reformular quanto ao oferecimento de cursos noturnos, súmula de disciplinas, material didático, assistência estudantil, e reconhecer que o ingresso de cotistas proporciona o convívio com a diversidade na Universidade entre docentes, técnicos e demais estudantes. Isso representa um grande desafio para que segmentos da comunidade acadêmica abandonem certos preconceitos que podem gerar discriminações.