Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2013 |
Autor(a) principal: |
Becker, Michele Michelin |
Orientador(a): |
Riesgo, Rudimar dos Santos |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Palavras-chave em Português: |
|
Palavras-chave em Inglês: |
|
Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/197272
|
Resumo: |
Introdução: O autismo é uma desordem neurocomportamental complexa, de forte base genética e multifatorial, com vários fatores de risco já identificados. Apesar dos avanços no seu entendimento e no diagnóstico precoce, ainda não se conhece um tratamento capaz de reverter completamente os seus sintomas. Estudos indicam que o peptídeo liberador de gastrina (GRP) atua no sistema nervoso central (SNC) regulando os comportamentos relacionados à resposta emocional, interação social, memória e alimentação. Pesquisas em animais mostraram que o bloqueio dos receptores do GRP (GRPR) durante o período neonatal leva a alterações comportamentais compatíveis com o transtorno do espectro autista, como diminuição da interação social e do apego, e suportam a possibilidade de que uma expressão ou um funcionamento anormal dos GRPR durante o desenvolvimento possa ter um papel na patogênese desse transtorno. Objetivo: Avaliar possíveis efeitos terapêuticos nos sintomas do espectro autista com a administração de GRP a crianças e adolescentes com diagnóstico de autismo infantil, assim como sua segurança e tolerabilidade. Metodologia: Inicialmente foi realizado um estudo piloto com a administração de GRP 160 picomol/kg, por 4 dias consecutivos, a três crianças com autismo infantil. Nesse estudo utilizou-se como método de avaliação a impressão dos pais, as escalas Clinical Global Impressions-Improvement (CGI-I) e Childhood Autism Rating Scale (CARS). Após, realizou-se um ensaio clínico aberto, com uso de GRP 160 picomol/kg, por 4 dias consecutivos, em dez crianças e adolescentes com autismo. Os desfechos foram medidos através das escalas CGI-I, CARS, Aberrant Behavior Checklist (ABC) e Autism Diagnostic Interview-Revised (ADI-R). Foi considerada melhora com GRP valores de 1 (muito melhor) ou 2 (melhor) na CGI-I e melhora ≥ 25% em pelo menos uma das subescalas da ABC. Resultados: No estudo piloto foram encontradas melhoras variáveis nos principais sintomas do espectro autista nas três crianças, como interação social, linguagem verbal, estereotipias e compulsões, além de sintomas associados à irritabilidade. Nenhuma criança apresentou efeitos adversos e o GRP foi bem tolerado. No ensaio clínico, a idade dos participantes variou de 5 a 16 anos (mediana 8). Seis (60%) das 10 crianças tiveram melhora com GRP. Pela escala ABC, 8 (80%) tiveram melhora nas subescalas Irritabilidade e Hiperatividade, 7 (70%) nas subescalas Comportamento estereotipado e Letargia e esquiva social e 4 (40%) na subescala Fala inapropriada. Na CARS, houve uma diminuição média de 4 pontos (4,3±2,9) e na ADI-R houve melhora significativa no domínio de interação social recíproca (2,4±2,83). Efeitos adversos ocorreram em três pacientes e foram náuseas (2/10), vômitos (2/10), diarréia (2/10) e rash cutâneo (1/10). Todos os pacientes completaram o estudo. Conclusões: Os resultados desses estudos sugerem que o GRP seja seguro, bem tolerado e que possa melhorar sintomas chaves do autismo infantil para os quais ainda não há nenhum tratamento medicamentoso específico. Estudos maiores, randomizados, duplo-cegos e controlados por placebo são necessários para que se possa avaliar de forma mais efetiva a segurança e a eficácia do GRP em crianças e adolescentes autistas. |