Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Bohm, Verônica |
Orientador(a): |
Doll, Johannes |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/144072
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Resumo: |
A história mostra que a violência contra velhos não é um problema recente na sociedade. Em diversas culturas, por muitas gerações, os comportamentos violentos contra os velhos vêm se repetindo. Nos últimos anos, percebe-se movimentos da sociedade para fazer frente à esta problemática. Leis são elaboradas, manuais de enfrentamento são disponibilizados, mas ainda insuficientes para dar conta do sofrimento das famílias envolvidas nesse tipo de violência. Autores como Foucault, Elias e Scotson e Faleiros foram alguns dos consultados para dar suporte teórico ao trabalho de campo e, posterior análise. Ciente da complexidade desta questão, esta tese se propôs a ouvir os agressores, por entender que todos os lados devem ter a possibilidade de falar. Os estudos sobre violência até então têm pesquisado basicamente esta questão a partir das vítimas, ou de dados registrados em serviços públicos que servem de porta de entrada para que as denúncias ocorram. Assim, o objetivo principal desta pesquisa é analisar os fatores que conduziram à violência contra as pessoas idosas através da perspectiva dos agressores, a fim de elaborar uma discussão que subsidie intervenções educativas no campo da violência. Para tal, tem-se como objetivos específicos a) conhecer as histórias da vida dos agressores de idosos; b) identificar os possíveis gatilhos que desencadearam as agressões; c) compreender os aspectos estruturais que possam ter relações com a prática da violência e d) oferecer elementos para intervenções educativas no campo da violência. Partindo dos objetivos propostos, optou-se por uma pesquisa exploratória, de caráter qualitativo, onde, através de narrativas, teve-se maior aproximação com as histórias das pessoas envolvidas. A amostra foi constituída por conveniência, sendo 5 mulheres e 3 homens, todos filhos, exceto um que era marido. Os resultados analisados a partir da Análise de Conteúdo proposta por Moraes foram organizados em duas grandes categorias, a saber: Multidimensionalidade da violência, subdividida em "Construção das relações familiares", "Consumo de drogas ilícitas e álcool" e "Desemprego", e a segunda categoria, nomeada de "Mecanismos Sociais de Atenção à Violência". Através do estudo, constatou-se que a maioria dos agressores é familiar muito próximo dos idosos, geralmente filhos e netos que, em geral, carregam as lembranças de terem sido vítimas de violência em outras fases das suas vidas. Os gatilhos para que a violência aconteça estão relacionados à desestrutura familiar, ao desemprego e ao consumo abusivo de álcool e/ou outros drogas ilícitas.Também identificou-se uma atuação precária dos mecanismos sociais de proteção aos idosos, que não conseguem garantir a segurança dos velhos. Além disso, ficam lacunas na prestação de um serviço realmente efetivo em decorrência de inúmeros fatores, mesmo quando contando com técnicos que possuam desejo para tal. Os resultados encontrados apontam para a complexidade da violência contra velhos, caracterizando-se como um processo multidimensional, no qual não é possível identificar uma única causa como geradora do evento. Alguns caminhos são apontados para minimizar as ocorrências. Desbanalizar a violência psicológica pode ser um caminho, uma vez que ela foi identificada como uma prática de menor gravidade pelos agressores. A reestruturação da rede de atenção, reestabelecendo os canais de comunicação entre as instituições, afim de agilizar as ações, dar suporte aos técnicos e evitar que novas violências sejam cometidas contra os velhos pode estar no percurso da proteção. Também sugere-se a urgência de repensar os currículos escolares nos diferentes níveis da educação formal, desde a pré-escola até os níveis universitários, para desenvolver relações intergeracionais positivas, que, certamente, será uma importante contribuição no âmbito da prevenção. Sabe-se que a tese trouxe contribuições para compreender o complexo processo da violência, mas também sinaliza para a necessidade de novas pesquisas paralelas a ações efetivas que mostrem para a sociedade que efetivamente se tem buscado fazer a diferença. |