Territórios quilombolas em terras do sul: confluências entre oralidade, história e resistência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Pino, Vanda Aparecida Fávero
Orientador(a): Tettamanzy, Ana Lúcia Liberato
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/251769
Resumo: Os saberes presentes na memória das comunidades quilombolas oferecem um rico repertório para o trabalho pedagógico na escola e na sociedade; todavia, essas culturas são silenciadas ou pouco representadas no espaço escolar. Essa situação é resultado de um processo de colonização que se perpetua, marcando com violência e desrespeito as histórias desses povos. Tendo em conta tal cenário, este estudo de doutorado investigou, em acervo oral de conversas com moradores de duas comunidades quilombolas situadas no norte do Estado do Rio Grande do Sul (Brasil), histórias, saberes e memórias dessas comunidades, quais sejam: as Comunidades da Arvinha e da Mormaça. Além dos saberes quilombolas, as vozes que sustentam nossa pesquisa se baseiam nos pressupostos teóricos dos estudos decoloniais, com destaque para os seguintes estudiosos: o colombiano Arturo Escobar (2014; 2016), por meio do conceito de ontologias relacionais como ferramenta teórica que rompe com a colonialidade do ser e do saber; o sábio e genealogista malinês Amadou Hampâté Bâ (2010), que reflete sobre os grandes depositários da cultural oral; e Abdias Nascimento (1980), que cunhou o conceito de quilombismo. Com o subsídio dos causos narrados, foram transcriadas histórias, assim como foram mediadas a elaboração e a aplicação de um roteiro pedagógico-cultural junto às referidas comunidades quilombolas. As reflexões acerca das narrativas orais dos moradores das Comunidades da Arvinha e da Mormaça elucidam como as populações negras da região em discussão foram estrategicamente silenciadas pelo racismo ao longo do tempo, mesmo estando na base de todos os processos do chamado “desenvolvimento”. Essas reflexões igualmente esclarecem como as populações em questão foram ora selecionadas para o trabalho braçal, ora preteridas, conforme a conveniência dos grupos dominantes. Tais discussões também demonstram que, a despeito de tantas exclusões e apagamentos, essas comunidades resistem coletivamente, há mais de 150 anos, em um contexto majoritariamente hostil a suas ancestralidades e saberes. As referidas discussões atestam, ainda, como a titulação dos territórios quilombolas, que seguem sendo degradados em benefício do chamado agronegócio, é essencial para a manutenção de seus modos de vida. Por fim, observa-se que a vida das comunidades tem se renovado graças ao reencontro dos jovens quilombolas com suas raízes e identidades profundas. O estudo em tela busca contribuir com propostas que promovam o ensino da cultura afro-brasileira em espaços formais e não formais de ensino.