O modelo de produção de Daniel Filho : a construção de um estilo cinematográfico brasileiro para o grande público

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Oliveira, Vanessa Kalindra Labre de
Orientador(a): Rossini, Miriam de Souza
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/196099
Resumo: Esta tese de doutorado apresenta uma reflexão sobre como o estilo cinematográfico do diretor carioca Daniel Filho se insere dentro de um contexto político-cultural de instauração e afirmação de uma hegemonia no campo do cinema brasileiro no século XXI. A tese está dividia em quatro capítulos. No primeiro, estabelecem-se as matrizes culturais do diretor: seu histórico vinculado ao circo, ao teatro de revistas, ao cinema  inicialmente apenas como ator durante o Cinema Novo -, e à televisão, quando passou a exercer diferentes funções, sendo um dos principais responsáveis pela instauração do dito Padrão Globo de Qualidade que transformou a teledramaturgia nacional em um produto mundialmente reconhecido. No segundo capítulo, define-se o modelo de produção de Daniel Filho no cinema contemporâneo brasileiro a partir da compreensão acerca da trajetória dos profissionais com quem partilha suas produções, quase todos também vinculados à TV; das parcerias, financiamentos e modos de distribuição que estabelece, constantemente com grandes empresas internacionais que ajudam no processo de sua distinção no campo; do modo como exerce a função de produtor, conjuntamente com a direção, centralizando as principais tomadas de decisão durante a realização de seus filmes; bem como da recolocação de uma dada visualidade (asséptica, clara e de classe média) com o objetivo de atrair grandes bilheterias. No terceiro capítulo, define-se o estilo de Daniel Filho em função de três pontos: o fato de ele resgatar de maneira atualizada uma tradição de indústria por meio das comédias; de definir o universo feminino como ambiência de seus filmes – já que, como afirma, considera a mulher a responsável pelo consumo cultural no País; e o modo como produz cinema a partir de uma convergência midiática que o faz estabelecer vínculos estéticos e de produção com a TV, configurando o que chamamos de um Cinema de Padrão Televisivo. A estrutura teórica  costurada pelas noções de Campo (Bourdieu, 2009; Silva, 2009; Martin-Barbero, 2006); Modelo de Produção (Bordwell et al, 1997; Mendonça, 2007; Meleiro, 2007; Rodrigues, 2007) e Estilo (Bordwell et al, 1997; Bordwell e Thompson, 2008) - está atrelada à análise de fragmentos de seus recentes filmes, que compõem o corpus desta pesquisa. Quais sejam: A Partilha (2001), A dona da história (2004), Se eu fosse você (2006), Muito gelo e dois dedos d'água (2006); Primo Basílio (2007), Se eu fosse você 2 (2009), Tempos de Paz (2009), Chico Xavier (2010), Confissões de Adolescente - o filme (2014) e Sorria, você está sendo filmado (2015). Conclui-se que Daniel Filho deslocou para o cinema um modelo de produção que já realizava na TV, ainda que esteja atento às transformações do mercado e faça uso das novas tecnologias e das atuais demandas do público que o assiste. Ele se configura como um dos principais diretores e produtores do recente cinema brasileiro, contribuindo para a consolidação dos blockbusters nacionais, principalmente por meio das comédias românticas. Através do capital simbólico que possui, tem sido fundamental, tal como aconteceu na televisão, para a consolidação de uma hegemonia cultural na sétima arte do País.