Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Silva, Eutalita Bezerra da |
Orientador(a): |
Girardi, Ilza Maria Tourinho |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/214306
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Resumo: |
Num país de território vasto e que ainda sofre com o déficit habitacional, os conflitos ambientais relacionados à ocupação de espaços se multiplicam. Especialmente em relação aos terrenos remanescentes da época da industrialização nos grandes centros, estes se tornaram interessantes para as construtoras, que têm na exiguidade de grandes glebas nas capitais um dos impeditivos aos seus lucros. Na contramão da especulação imobiliária, se insurgem movimentos sociais interessados em discutir outro modo de habitar. É o que aconteceu no Recife ao longo dos últimos anos, com o terreno do Cais José Estelita se tornando alvo de disputas entre um consórcio de construtoras, o Novo Recife, e o Movimento Ocupe Estelita, pela destinação do local. Ambos os lados da discussão apelavam para a sua preocupação com a memória da cidade para justificar suas posições. Para entender como a memória que se tem sobre o assunto foi construída no Recife por um dos atores com capacidade para erigi-la, o Jornalismo, esta investigação tomou as publicações do Diario de Pernambuco, jornal mais antigo da América Latina, disponíveis na Hemeroteca da Biblioteca Nacional, de 1825 a 1984, como objeto de estudo. O objetivo desta pesquisa, então, é o de compreender como o discurso jornalístico sobre o Cais José Estelita o instituiu como memória para a Cidade do Recife. A hipótese a que se filiou a tese é de que o Cais era lido como uma expectativa, quando de sua construção; de pujança, durante a época de auge da exportação açucareira e de ruína, no momento de declínio desta atividade econômica. Nas publicações colhidas foram catalogadas as citações ao Cais José Estelita, bem como aos seus arredores, considerando que o jornal é anterior à construção do Cais. Foram colhidos 106 textos, dos quais foram recortadas 136 sequências discursivas, que foram analisadas a partir da Análise do Discurso pecheutiana, admitida como dispositivo teórico metodológico. Ainda sobre o aporte teórico utilizado, além de autores caros ao Jornalismo, como Kovach e Rosenstiel, Traquina e Alsina; d Jornalismo Ambiental, como Girardi e Bueno, da Geografia, como Harvey, Lefebvre e Raffestin também se buscou entender a cidade a partir de Park e, mais recentemente, as dinâmicas relacionadas à sua vacância com Solá-Morales, Leite e Titton. As sequências discursivas foram caracterizadas em categorias, quais sejam: Transportes, Ocupação urbana, Meio Ambiente, Polícia, Esportes, Cultura e Outros. Estas foram, também, dispostas numa linha temporal, a fim de perceber o que era da ordem do repetível ao longo dos anos. Por fim, a hipótese não foi comprovada, uma vez que o Cais foi sempre tido como algo que já era ruína mesmo antes de ser. No Diario de Pernambuco, mesmo no momento de auge da produção açucareira, já se falava dos armazéns como um erro, que tornava feia e desvalorizada a paisagem e que nada mais se poderia fazer para resolver aquele problema. Com isso, esta tese propõe que a memória que se pode cristalizar a partir dos sentidos que ressoam no jornal foi, paulatinamente, dessacralizando aquela paisagem, ao ponto que se nada mais pudesse prendê-la como parte do Recife, se pudesse, então, entregá-la à especulação com efeito de naturalidade. |