Entre a cela e o posto de saúde : agenciamento e sujeição na experiência das promotoras de saúde da Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Rodrigues, Dieni Oliveira
Orientador(a): Fachinetto, Rochele Fellini
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/229793
Resumo: Esta tese analisa a experiência das promotoras de saúde da Penitenciária Estadual Feminina de Guaíba (PEFG). O objetivo da pesquisa consistiu em analisar possíveis agenciamentos no trabalho das promotoras de saúde além de suas concepções sobre gênero e sofrimento. O referencial teórico foi construído a partir das perspectivas de gênero e corporificação de Joan Scott e Raewyn Connell articuladas ao conceito de poder desde Michel Foucault em diálogo com a teoria da sujeição de Judith Butler e a noção de sofrimento social de Veena Das. Foi realizado um estudo de caso na PEFG entre 2017 e 2019 por meio de observação participante das etapas de seleção, formação durante o curso de capacitação e de momentos do processo de trabalho propriamente dito; foram feitas entrevistas baseadas no método da narrativa biográfica com as promotoras de saúde e também foram entrevistadas profissionais das equipes de saúde e psicossocial. As principais evidências identificadas a partir da pesquisa apontam para o sofrimento causado pela experiência da prisão a partir das especificidades de gênero ligadas às mulheres como os baixos índices de visita, as dificuldades de manter os vínculos com a vida anterior, as garantias de condições dignas de viver, a gestação e a maternidade, assim como as altas taxas de adoecimento psíquico e de medicalização. Do ponto de vista sociológico é possível afirmar que há uma ambivalência observada no cotidiano das promotoras de saúde, as quais a partir de seu trânsito, experiências e lugares ocupados, produzem brechas que permitem certos agenciamentos através da mobilização de saberes, do desempenho como trabalhadora em saúde que articula uma perspectiva de cuidado e reconhecimento de sua posição de destaque na organização das relações na prisão. De outro lado há a constatação da estrutura de poder prevista em uma instituição prisional e todas as complexidades dos sujeitos envolvidos. Portanto, há ambivalência porque ao mesmo tempo em que são produzidas tais brechas, as promotoras ainda são objeto da sujeição ao poder da prisão e ao controle de seus corpos por meio das práticas estruturantes de gênero.