Contextos, dinâmicas de mudança e caminhos : um olhar sobre os processos de transição agroecológica a partir de três casos brasileiros

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Martins, Gustavo
Orientador(a): Conterato, Marcelo Antonio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/250913
Resumo: O presente trabalho aborda o tema da transição agroecológica. O seu desenvolvimento parte de evidências empíricas que indicam a existência de um conjunto amplo de iniciativas referenciadas na agroecologia, situadas em diferentes contextos agrários, envolvendo uma diversidade de atores e um conjunto amplo de aspectos implicados nos processos de transição agroecológica. Baseando-se nessas evidências, este trabalho tem por objetivo geral compreender como as dinâmicas de transição agroecológica ocorrem três diferentes contextos agrários no Brasil. Sua contribuição vem no sentido de alargar a abrangência analítica dos processos de transição para a agroecologia. Para sua realização, o trabalho ancorou-se em um referencial teórico que articula abordagens macro e micro analíticas. A teoria dos sistemas agrários foi acionada para entender os processos de evolução e diferenciação das formas de agricultura, bem como dinâmicas agrárias distintas. A perspectiva orientada aos atores foi mobilizada para realizar uma aproximação às famílias agricultoras no sentido de compreender como a transição agroecológica é efetivada por elas na trajetória dos agroecossistemas. A noção de transição agroecológica está ancorada em uma perspectiva construcionista, a partir do qual ela é interpretada. Sua interpretação se dá pelo conceito de inovação sociotécnica, centrando-se no de agroecossistema enquanto lócus de análise. Por sua vez, a discussão sobre a mudança social na agricultura, em especial a noção de heterogeneidade, foi utilizada como referência para interpretar as inovações e a forma como alteraram a estrutura e funcionamento dos agroecossistemas. O trabalho foi desenvolvido a partir de estudos de caso realizados no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, no Baixo Sul da Bahia e no Planalto da Borborema, na Paraíba. Em cada um desses contextos foram estudados dois agroecossistemas, os quais foram sistematizados a partir do método Lume de análise econômico-ecológica. A análise da transição agroecológica foi realizada a partir da exploração de três campos: técnico-produtivo, socio-organizativo e econômico. O método comparativo foi utilizado como um recurso analítico complementar para contrastar os diferentes casos e, com base nisso, discutir a transição agroecológica enquanto conceito analítico. Os resultados são apresentados em três capítulos. Inicialmente é desenvolvida a caracterização dos três contextos agrários estudados em termos de características ambientais, história agrária e surgimento das iniciativas agroecológicas. Nele também são caracterizados os agroecossistemas estudados quanto à sua trajetória, estrutura e funcionamento. Posteriormente são apresentados os caminhos assumidos pela transição agroecológica em cada um dos casos estudados. Para isso são apresentados os movimentos de mudança e as reconfigurações na estrutura e funcionamento do agroecossistema que o levam a outro estado de auto-organização que caracteriza a transição agroecológica. Por fim, se discute a transição agroecológica à luz dos casos estudados. Nele o conceito analítico de transição agroecológica é analisado a partir da condição de contextualidade, multidimensionalidade e heterogeneidade. Com base nessa discussão a pode-se afirmar que a transição agroecológica apresenta-se como um processo influenciado pelos fatores de contexto, potencializado por ambientes sociotécnicos. É conduzida por um núcleo social mediante a gestão dos agroecossistemas. Caracteriza-se por movimentos de mudança em diferentes dimensões que, de forma interativa e mútua, estabelecem ajustamentos que levam os agroecossistemas a novos estados de auto-organização. Esse conjunto de características faz dela um fenômeno que se expressa de forma heterogênea.