Concentração de suco de uva por osmose direta e estudo tecnológico para o aproveitamento do bagaço

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Sant Anna, Voltaire
Orientador(a): Tessaro, Isabel Cristina
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/96487
Resumo: A uva é uma fruta amplamente consumida em todo o mundo e importante fonte de compostos com atividade antioxidantes, principalmente compostos fenólicos. A operação mais tradicional de conservação de alimentos é pelo uso de calor, porém ele acarreta em alterações sensoriais e nutricionais do produto acabado. A utilização do bagaço de uva, resultante do processo de extração de suco, também tem demonstrado grande potencial para elaboração de produtos ricos em compostos com atividade antioxidante e fibras. Logo, estudos tecnológicos para o apropriado processamento industrial do suco de uva e de seus resíduos são necessários para incrementar o seu uso como componente funcional na indústria de alimentos. Os resultados sobre a concentração do suco de uva por osmose direta mostraram que o aumento da diferença de pressão osmótica, da vazão de alimentação e da temperatura acarretam em aumento do fluxo de água e sódio através da membrana. Também, foi observado que os fenômenos de polarização por concentração são fatores determinantes no desempenho do processo e podem ser minimizados pelo controle dos parâmetros de processo de osmose direta. Esse estudo mostrou que o suco concentrado por osmose direta não perde suas propriedades antioxidantes e não há redução da concentração de compostos fenólicos na bebida. Os resultados mostraram que há o aumento do teor de sódio de 0,9 mg L-1 para 1,75 mg L-1, quando o suco foi concentrado por osmose direta, porém esse aumento não acarreta em níveis altos para o consumo humano. Os resultados de secagem do bagaço de suco de uva mostram que maiores temperaturas e velocidades de ar de secagem implicaram em um processo de desidratação mais rápido. A retenção de compostos bioativos se mostrou maior em menores temperaturas. Em relação à velocidade do ar de secagem, a retenção da concentração dos compostos fenólicos totais foi maior quando foram utilizadas maiores fluxos de ar. Os flavonóis e flan-3-óis foram sensíveis ao aumento da velocidade de ar de secagem devido a degradações oxidativas. A atividade sequestrante de radicais ABTS aumentou no resíduo tratado a altas temperaturas, possivelmente devido à formação de produtos da reação de Maillard que também apresentam tal característica. A extração de compostos fenólicos do bagaço de suco de uva mostrou que grande parte de compostos fenólicos, principalmente taninos condensados, estão fortemente ligados na matriz do resíduo e não são facilmente extraíveis com solventes orgânicos. Além disso, esses compostos apresentam grande capacidade antioxidante, principalmente poder quelante de ferro. O estudo cinético de extração de compostos fenólicos e de antocianinas de bagaço de uva mostrou que o modelo de pseudo-primeira ordem foi o modelo que melhor representou a extração dos polifenóis. Em relação à estabilidade da farinha de bagaço de uva, os resultados mostraram que os compostos fenólicos e compostos com atividade sequestrante de radiais DPPH e de ferro se mostraram estáveis durante o armazenamento do produto a 25ºC por um período de 6 meses. Antocianinas e compostos com a atividade de sequestrar radiais ABTS se mostraram sensíveis à degradação durante o armazenamento. Foi observado que a farinha se mostrou livre de Salmonella sp., Bacillus cereus e coliformes fecais, havendo a necessidade de cuidados com o crescimento de bolores e leveduras durante a armazenagem. Finalmente, foram elaboradas massas tipo fettuccini, substituindo farinha de trigo por farinha de bagaço de uva, em que foi verificado que a adição do subproduto do suco de uva não interferiu na absorção de água e na perda de sólidos da massa durante o seu cozimento. Houve grande incremento de compostos fenólicos, antocianinas e de compostos com atividade antioxidante nos produtos adicionados de farinha de bagaço de uva, sendo a massa tipo fettuccini com melhor aceitação aquela em que se adicionou 2,5% do subproduto na sua preparação. Assim, farinha de bagaço de uva se mostra como um potencial componente funcional para ser utilizado tanto na indústria de alimentos quanto na agricultura familiar.