Notas sobre o nome Negro : uma tese-arco a arquear poéticas negras recentes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silva, Douglas Rosa da
Orientador(a): Bittencourt, Rita Lenira de Freitas
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/268369
Resumo: Na lógica do aparato racial, o "substantivo" (nome) negro designa aquilo que é excedente. A racialização, enquanto instrumento do Mundo Ordenado, associa o nome Negro a uma "espécie fora da/sem vida", e busca configurar uma chancela sobre o destino de indivíduos marcados por esse Nome. Nesta tese, (as notas sobre) o nome Negro puxa(m) a imaginação para as bordas do que é (im)possível. Em nossa pesquisa, esse Nome Negro exige mais do que a visibilidade estrutural e institucional, e se situa para além das balizas da representação. Com esse intuito, transitamos entre os tempos, na tentativa de mostrar algumas operações da urgente vontade descolonizada de dizer da poesia negra feita no Brasil, no período entre 2011-2021, e escrita por mulheres. O corpus do trabalho é composto pelas obras poéticas de autoria de Eliane Marques, Lubi Prates, Nina Rizzi e tatiana nascimento. A pergunta da tese é: Como as poéticas da agoridade desmoldam dos moldes da linguagem da autodeterminação que intenta definir os caminhos do Nome e da Negrura? Propomos, a partir dessa pergunta, oito salas de poesia, passando e lançando questionamentos sobre (e pelos) os seguintes pontos: i) o eu negro enunciativo da escritura; ii) o princípio de resistência negro-poética; iii) alguns significados da face acústico-sonora da letra negra; iv) a queda dos modelos regulares de linguagem/pensamento no ato de criação; v) as visualidades sobre as cenas de violência; vi) a indeterminação/abertura como componente poético; vii) o corpo negro na poesia. O objetivo deste trabalho, em diálogo com um corpus poético negro recente, é formar um grande arco inacabado e contínuo em torno deste Nome. Essas salas constituem um mosaico de análise em que as pequenas peças dos interstícios da leitura do poema se unem e se distanciam. Elas despontam como vestígios viventes e não transparentes das poéticas da agoridade. O nosso método de estudo escapa da percepção lógico-reificada, e desloca as iluminações escuras do corpus poético para lugares aonde a luz da negrura da poesia não acessava. A discussão parte dos destroços de um mundo destituído de suas separabilidades e expectativas nominais, e são interrogadas as prevalecentes formas de determinabilidade da Negrura (e do Nome Negro). Destaca-se também a ideia de que as ferramentas do "sinhô" mostram-se insuficientes para destruir a casa grande, posto que este é o mesmo instrumental que engenha e administra a arquitetura das senzalas. A tese, portanto, é o ponto de desativação e desposse desses instrumentos "conhecíveis", pensados como mecanismos de controle das Negridades. Conclui-se que a poesia negra é o ponto de esfacelamento do Mundo Ordenado. O Nome Negro, outrora um ente ausente e coisificado, desponta como um nome poroso, aberto, sem pouso e constelar. Nome por vir. Nome anunciador do Mundo Outramente Possível.