Relações entre o julgamento moral e o locus de controle em crianças de diferentes níveis sócio-econômicos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1983
Autor(a) principal: Sordi, Regina Orgler
Orientador(a): Biaggio, Angela Maria Brasil
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/256088
Resumo: A pesquisa intitulada "Relações entre o Julgamento Moral e o Locus de Controle em Crianças de diferentes níveis sócio-econômicos" utilizou dois referenciais teóricos da psicologia inseridos na área do desenvolvimento da personalidade. A fundamentação teórica sobre o Julgamento Moral na criança foi proporcionada pela teoria piagetiana e, mais especificamente, pela obra "O Julgamento Moral na Criança" (Piaget, 1932) , que marcou a fase final dos estudos do autor sobre a Sociologia Genética. Segundo Piaget (1932) , a consciência moral se reproduz através de diferentes processos, iniciando por uma fase de heterônoma, caracterizada pelo respeito unilateral, onde o bem é obedecer a ordem do adulto. Segue-se a fase da autonomia, onde a consciência passa a considerar como necessária a verdade, independente de qualquer pressão exterior. Estes dois processos distintos do julgamento moral evoluem com a idade e caracterizam as grandes etapas do desenvolvimento moral. A fundamentação teórica referente ao Locus de Controle foi baseada na teoria do Locus de. Controle de Rotter (1966) , cujas formulações fazem parte do quadro teórico mais amplo da Teoria da Aprendizagem Social. Rotter afirma que, de acordo com sua história de socialização, as pessoas desenvolvem uma tendência à externalidade ou à internalidade, sendo os internos definidos como aqueles que têm a expectativa generalizada de que os reforços recebidos por eles são determinados pelos favores sob seu controle pessoal (habilidade, capacidade); os externos são definidos como aqueles que têm a expectativa generalizada de que os reforços recebidos são determinados por fatores que não estão sob seu controle pessoal (destino, sorte, forças externas, etc.). O que faz a diferença de locus de controle é a consistência do reforço ser contingente ou não ao comportamento. As hipóteses norteadoras da pesquisa foram: 1. A externalidade de locus de controle está associada a um nível mais heterônomo de julgamento moral. 2. O nível sócio-econômico está associado com o nível de julgamento moral sendo que crianças de nível sócio-econômico baixo apresentam maior heteronomia de julgamento moral. 3. A idade está associada com o nível de julgamento moral, sendo que crianças mais jovens apresentam maior heteronomia de julgamento moral. 4. O nível sócio-econômico está associado com a externalidade de locus de controle, sendo que crianças de nível sócio-econômico baixo são mais externas quanto ao locus de controle. 5. A idade está associada com a externalidade de locus de controle sendo que crianças mais jovens são mais externas quanto ao locus de controle. Para esta pesquisa foram testadas 200 crianças, sendo 100 crianças de nível sócio-econômico baixo e 100 crianças de nível sócio-econômico alto. Em cada grupo de 100 crianças, havia 50 do sexo feminino e 50 do sexo masculino. Os instrumentos utilizados foram a Escala de Locus de Controle de Tel-aviv de Milgram e Milgram (1976), adaptada e validada por Feres (1981) para uma amostra de crianças brasileiras e as estórias sobre os desajeitamentos, escritas por Piaget e seus colaboradores ( 1932) . Os dados foram analisados por meio de coeficientes de correlação e por meio de variância para dois e três fatores, seguidas por testes de comparações de médias a posteriori (método de Duncan). Os resultados apontaram para uma não confirmação da primeira hipótese, isto é, não se encontrou relação entre heteronomia no julgamento moral e externalidade de locus de controle. A confirmação das hipóteses 2 e 3 indicou a existência de diferenças significativas entre as faixas etárias e entre os níveis sócio-econômicos quanto ao desenvolvimento do julgamento moral. Com relação à hipótese 4 não se verificaram diferenças significativas em locus de controle em função do nível sócio-econômico. A confirmação da hipótese 5 indicou existir diferenças significativas entre as faixas etárias quanto ao locus de controle confirmando a hipótese de desenvolvimento deste construto. A discussão focalizou a influência das praticas educacionais familiares sobre o processo de socialização infantil, tanto com relação ao julgamento moral, quanto ao locus de controle, problemas referentes à medida dos dois construtos centrais com crianças e necessidade de um enfoque evolutivo da pesquisa referente ao locus de controle.