Diatomáceas da formação cárstica da Serra da Bodoquena (Mato Grosso do Sul, Brasil)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Araujo, Eduardo Antonio Tusset
Orientador(a): Cardoso, Luciana de Souza
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: eng
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/276151
Resumo: No Brasil são conhecidas 19 áreas cársticas, que representam cerca de 6% do território nacional. A Serra da Bodoquena, no estado do Mato Grosso do Sul, encontra-se inserida em uma importante formação cárstica Brasileira, na qual os corpos d’água da região diferem das demais áreas por apresentarem precipitação contínua de carbonato, ocasionando a formação de tufas calcáreas e barragens naturais, excelentes substratos para as diatomáceas. Estudos morfológicos e taxonômicos das diatomáceas em ambientes cársticos concentram-se nos continentes Europeu e Asiático, resultando em floras com elevada riqueza de espécies e novas propostas para a ciência. Em contraste, os estudos com diatomáceas de ambientes cársticos brasileiros são escassos. Face à carência de informações sobre a composição taxonômica das diatomáceas da região centro-oeste do Brasil e do estado do Mato Grosso do Sul, este estudo, realizado na Serra da Bodoquena, vem sanar algumas lacunas. A proposta desta tese é apresentar os resultados na forma de quatro artigos que estão relacionados a distribuição, informações ecológicas, análises morfológicas e taxonômicas das diatomáceas realizadas em microscopia de luz e eletrônica de transmissão e varredura. O capítulo 1 compreende o estudo florístico sobre diatomáceas de ambientes cársticos da Serra da Bodoquena em Mato Grosso do Sul. Vinte e dois ambientes foram amostrados em expedições realizadas em 2015 e 2019, que resultaram em 59 amostras, com 171 táxons pertencentes a 54 gêneros e 24 famílias, sendo que 96% das espécies identificadas são citadas pela primeira vez ocorrendo no estado do Mato Grosso do Sul. As famílias com maior riqueza de espécies ou variedades foram Gomphonemataceae (19), Naviculaceae (18), Achnanthidiaceae (17), Sellaphoraceae (13), Cymbellaceae (13), Fragilariaceae (12), Bacillariaceae (12), Stauroneidaceae (11) e Surirellaceae (9). As diatomáceas que ocorreram com alta frequência (5,2%, 9 táxons) foram: Nitzschia amphibia, Achnanthidium saprophilum, Navicula cryptotenella, Achnanthidium straubianum, Achnanthidium minutissimum, Platessa hustedtii, Cocconeis placentula var. euglypta, Gomphonema pumilum e Planothidium rostratum. Em termos de distribuição dos táxons, 12 foram frequentes (7%), 66 com baixa frequência (38,5%) e a grande maioria com 84 foram esporádicas (49,1%). O número total de espécies variou de acordo com o ambiente e substrato de adesão. Em geral, os rios apresentaram maior riqueza, onde no epifíton variaram de 21 a 45 táxons. A maior riqueza ocorreu no Rio Formoso com 45 espécies, sendo que no epipsamon variou de 26 a 39, e no epilíton de 21 a 40 táxons. O capítulo 2 refere-se ao estudo do gênero Dorofeyukea, gênero caracterizado por uma fáscia estreita delimitada pelo encurtamento de estrias na região central, estrias unisseriadas levemente radiadas, formato isodiamétrico das aréolas, ocluídas internamente por hímenes e pseudosepto. Quatro espécies novas para a ciência foram propostas e aceitas: Dorofeyukea bahlsii sp. nov., D. bodoquenensis sp. nov., D. calcarea sp. nov., e D. pantanalensis sp. nov. Dorofeyukea kotschyi e D. texana foram registradas pela primeira vez, ocorrendo no estado do Mato Grosso do Sul e D. texana foi o primeiro registro para o Brasil. Este manuscrito foi apresentado durante a qualificação em dezembro de 2021. O capítulo 3 relata o estudo do gênero Simonsenia, caracterizado pelo sistema de rafe que se abre em um canal longitudinal sobre uma quilha marginal, e pequenas aréolas circulares, ocluídas por hímenes. Este manuscrito foi apresentado durante a qualificação em dezembro de 2021. O capítulo 3 relata o estudo do gênero Simonsenia, caracterizado pelo sistema de rafe que se abre em um canal longitudinal sobre uma quilha marginal, e pequenas aréolas circulares, ocluídas por hímenes. Este é um gênero com taxonomia complexa, pela delicadeza das frústulas, tamanho diminuto e pela necessidade do uso de microscopia eletrônica para visualizar os caracteres diagnósticos do grupo. Novas espécies de Simonsenia vem sendo descritas que ocorrem exclusivamente em água doce, salobra ou ainda salgada. Simonsenia bodoquenensis sp. nov. foi descrita e comparada com outras espécies do gênero e ocorreu em água doce no epifíton e no epilíton do carste da Serra da Bodoquena. O capítulo 4 trata-se da proposição de uma espécie nova de Fragilaria que ainda está sendo discutida com especialistas (David Williams, Bart Van de Vijver), podendo resultar numa co-autoria com os mesmos. O fato de formar colônias em forma de fitas, nos ápices possuir uma rimoportula por valva, estrias alternadas, espinhos marginais, campo de poros apicais pouco desenvolvido e fileira única de aréolas não ocluídas nas bandas intercalares foram caracteres utilizados durante a diagnósticos do gênero Fragilaria, entretanto esse táxon apresenta bandas fechadas, surgindo assim a necessidade de investigar a real identidade desta espécie, uma vez que esta seria uma das característica descritas na diagnose do gênero Ulnaria.