Avaliação da densidade do transportador da dopamina em adolescentes com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Silva Junior, Neivo da
Orientador(a): Rohde, Luis Augusto Paim
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/71289
Resumo: O Transtorno de Déficit de Atenção/ Hiperatividade (TDAH) é um transtorno comportamental caracterizado por desatenção e/ou hiperatividade, impulsividade causando prejuízo funcional em múltiplos ambientes. Anormalidades no circuito frontoestriatal, o qual é modulado pela dopamina, têm sido relatadas em pacientes com TDAH. Estudos estruturais e funcionais demonstram redução de tamanho e diminuição do fluxo sanguíneo cerebral (FSC) em áreas relacionadas à rede atencional como o lobos frontal, parietal e temporal, estriado e cerebelo. Da mesma forma, a maioria dos estudos que utilizaram radiofármacos seletivos para o transportador da dopamina (DAT), o qual tem um papel importante no metabolismo da dopamina, mostraram maior densidade de DAT estriatal em pacientes com TDAH em comparação com grupo controle. Devido ao fato de algumas pesquisas terem sugerido que anormalidades no fluxo sanguíneo cerebral em estruturas cortico-subcorticais poderiam estar relacionadas a mudanças no sistema dopaminérgico, decidimos investigar a relação entre a densidade do transportador da dopamina no estriado e a perfusão cerebral total. Foi utilizado, para avaliação do DAT, o radiofármaco Tc-99m TRODAT-1 com técnica tomográfica em SPECT e para avaliação da perfusão 99mTc- ECD. Dez adolescentes, diagnosticados com TDAH pelos critérios do DSM-IV, foram avaliados. A análise, através do SPM5, mostrou correlação negativa entre a densidade de DAT no estriado e o fluxo sanguíneo cerebral em cíngulo, frontal, temporal e cerebelo (pFDR<0,01). Buscando entender, um pouco mais, sobre a disponibilidade de DAT e o TDAH, desenvolvemos outra linha de pesquisa que teve como objetivo avaliar a densidade do DAT em indivíduos com TDAH usuários de substâncias psicoativas. O transtorno de uso de substâncias psicoativas (TUSP) é uma comorbidade frequente em adolescentes com TDAH. Crianças com TDAH, acompanhadas durante a transição para a adolescência, demonstram maior uso de drogas psicoativas que o grupo controle com crianças sem TDAH. Embora alguns estudos tenham demonstrado alterações na disponibilidade do DAT em indivíduos com TUSP pouco se sabe sobre a base neurobiológica da comorbidade. Muitas teorias tentam explicar o maior risco de TUSP em pacientes com TDAH. Alguns autores têm sugerido que indivíduos com TDAH fazem uso de drogas, como cocaína e maconha, na tentativa de minimizar os sintomas do TDAH. Indivíduos com TDAH têm disfunções que sugerem o envolvimento do sistema dopaminérgico, principalmente, os núcleos da base e córtex frontal. A literatura tem demonstrado que muitas drogas de abuso afetam tanto o córtex pré-frontal como estruturas subcorticais, apresentando alterações no sistema dopaminérgico. Assim, nós decidimos avaliar a densidade do DAT, utilizando SPECT com 99mTc- TRODAT-1, em adolescentes com TDAH, sem tratamento prévio com metilfenidato, que tinham a comorbidade de uso de substâncias psicoativas (cocaína e maconha) (TDAH+TUSP) e em adolescentes com TDAH sem a comorbidade (TDAH) e comparar com grupo controle sem TDAH e sem TUSP (controle) e grupo apenas com TUSP, sem comorbidade com TDAH (TUSP). Sessenta e dois indivíduos foram avaliados. TDAH (n=11), TDAH+TUSP (n=18), TUSP (n=14) e controle (n=19). A análise semi-quantitativa do potencial de ligação do 99mTc- TRODAT-1 mostrou que o grupo TDAH tinha aumento significativo da densidade de DAT em estriado em comparação aos outros três grupos. O grupo TDAH+TUSP, apesar de mostrar diminuição significativa da densidade de DAT em relação ao grupo TDAH, apresentou maior densidade em relação ao grupo somente TUSP sem que houvesse diferenças significativas em relação ao grupo controle (sem TDAH sem TUSP). Com base nestes achados, poderíamos especular que o uso de maconha e cocaína poderia ser a causa responsável por reduzir a densidade de DAT em indivíduos do grupo TDAH+TUSP e que esses resultados poderiam ajudar a entender a base da teoria de automedicação.