Associação entre condições bucais, características socioeconômicas, comportamentos maternos e qualidade de vida relacionada à saúde bucal de crianças em idade pré-escolar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Pereira, Joanna Tatith
Orientador(a): Araujo, Fernando Borba de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/143897
Resumo: Estudos que avaliam a qualidade de vida relacionada à saúde bucal (QVRSB) têm sido cada vez mais frequentes nas pesquisas odontológicas. Aqueles direcionados para a população infantil, especificamente as crianças em idade pré-escolar, avaliam os impactos das condições bucais mais comuns nessa faixa etária (cárie precoce da infância, traumatismos dentoalveolares e má oclusão) na qualidade de vida das crianças e suas famílias. Estudos mais recentes encontraram, além das associações acima mencionadas, que as condições socioeconômicas da família a qual a criança pertence também impactam a percepção dos pais na qualidade de vida das mesmas. Porém, existe uma lacuna no conhecimento no que diz respeito a outros comportamentos sociais relacionados à família, e principalmente relacionados à mãe das crianças em idade pré-escolar, como por exemplo, status empregatício, tempo de amamentação e outros comportamentos maternos referentes à saúde bucal de seus filhos e seus impactos na percepção dos pais em relação à QVRSB dos mesmos. Este estudo epidemiológico de delineamento transversal teve como objetivo avaliar a existência de associações entre QVRSB, os principais problemas bucais que acometem crianças em idade pré-escolar, características socioeconômicas e comportamentos maternos em crianças em idade pré-escolar vinculadas a doze Unidades Básicas de Saúde da Zona Norte de Porto Alegre/RS. Os dados foram coletados nos domicílios por meio de exame clínico realizado nas crianças e entrevistas estruturadas administradas às mães (questionário sócio-demográfico, perguntas sobre comportamentos maternos relacionados à criança e sua saúde bucal e um questionário para avaliar o impacto das condições bucais da criança na qualidade de vida da mesma e da sua família – Brazilian Version of the Early Childhood Oral Health Impact Scale – B-ECOHIS). Participaram do estudo 163 crianças e suas respectivas mães. Quarenta e oito por cento delas relataram que seus filhos tinham impacto em pelo menos um dos itens do B-ECOHIS. Os impactos foram mais prevalentes na subescala relacionada à criança (74/163; 45,4%) do que na familiar (39/163; 23,9%). O domínio dos sintomas, relacionado à dor nos dentes ou na boca foi o mais frequentemente relatado como causador do impacto na QVRSB na sessão das crianças, e o sentimento de culpa foi a questão mais citada na sessão de impactos 12 familiares. Quando a média geral do B-ECOHIS foi analisada, pode-se observar que a cárie precoce da infância teve impacto negativo na QVRSB (p<0.05), tanto quando sua severidade foi avaliada (lesões em dentina) como em relação à presença de cavidades. Considerando cada domínio do B-ECOHIS, houve associação significativa (p<0.05) entre os escores de escolaridade materna, renda familiar, aleitamento materno prolongado e a baixa frequência de escovações realizadas pela mãe e o domínio relacionado a autoimagem e interação social na subescala que retrata impactos na criança. O aleitamento materno prolongado também mostrou relação significativa com ambos os domínios da subescala que retrata impactos familiares (p<0.05). Ainda considerando cada domínio do B-ECOHIS, houve associação significativa entre a severidade da cárie dentária e a presença de lesões cavitadas e o domínio relacionado às funções na subescala da criança, e no relacionado a angustia dos pais na subescala familiar. O modelo ajustado da regressão de Poisson mostrou que a escolaridade materna e o fato da mãe ter trabalhado fora nos primeiros dois anos da criança estavam associados à impactos negativos na QVRSB (p<0.05), assim como o aleitamento materno prolongado (p<0.05). Entre as condições bucais avaliadas, somente a cárie precoce da infância estava associada ao desfecho (p<0.001). Concluímos que além da cárie dentária e de fatores sócioeconômicos, comportamentos maternos relacionados à saúde bucal dos filhos impactam de forma negativa a QVRSB de crianças em idade pré-escolar.