Neuroinflamação em modelo animal de artrite induzida por colágeno (CIA)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Santos, Natália Garcia dos
Orientador(a): Xavier, Ricardo Machado
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: eng
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/268145
Resumo: Introdução: Artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune, inflamatória, crônica e erosiva. A AR é caracterizada por inflamação da membrana sinovial, que resulta em graves danos à cartilagem e ao osso articulares, bem como, na dor, deformidades e incapacidade física do paciente. Embora o principal acometimento seja articular, a AR também apresenta manifestações extra-articulares como nódulos reumatoides, osteoporose, sarcopenia, lesões cutâneas, manifestações oculares e vasculite, com possibilidade de acometer rins, coração e sistema nervoso central e periférico. Alterações neurológicas centrais e periféricas podem ser consequência de diferentes fatores, como por exemplo, o processo inflamatório sistêmico da própria doença ou influenciado pela dor e processo de sensibilização central. No entanto, não está claro na literatura como as alterações imunoinflamatórias induzidas pela AR influenciam na função microvascular cerebral, especialmente na função da barreira hematoencefálica. Objetivo: Avaliar resposta nociceptiva e parâmetros neuroinflamatórios de camundongos durante o desenvolvimento da artrite induzida por colágeno. Métodos: Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética Animal do HCPA (número GPPG/HCPA-22-0453). Camundongos machos DBA1/J (36 animais), com idade entre 8 e 12 semanas, foram randomizados em 4 grupos: grupo controle e CIA 25 dias (CO25 e CIA25) e grupo controle e CIA 50 dias (CO50 e CIA50). O modelo experimental foi induzido por injeção intradérmica de emulsão contendo adjuvante de Freund e colágeno bovino tipo II no dia 0 e reforço no dia 18. Durante todo o período experimental foram avaliados o escore clínico, edema de pata e peso corporal. Após a eutanásia, a articulação tibio-tarsal foi utilizada para confirmação da artrite por análise histopatológica; o encéfalo foi submetido à técnica de imunofluorescência com anticorpos Anti-IgM e Anti-IgG; a expressão de IL-6 por imuno-histoquímica; e a existência de neurodegeneração foi analisada (Fluoro Jade C). Os dados foram analisados por Two-way ANOVA, Kruskal-Wallis e correlação de Pearson; p<0,05 foi considerado significativo. Resultados: O desenvolvimento de poliartrite nos grupos CIA 25 inicial e CIA 50 estabelecido foi confirmado por altos valores de escore clínico, nocicepção, edema de pata e escore histológico quando comparados aos respectivos controles (p<0,0001; p=0,001; p=0,001, respectivamente). O grupo CIA25 apresentou maiores valores de IgM no encéfalo quando comparado com o grupo CO25 (p= 0,01). O grupo CIA50 e CO 50 não apresentaram diferenças estatisticamente significativas. As análises de IgG não apresentaram as diferenças estatisticamente significativas, quando comparados com os controles (p>0.05). A expressão de IL6 mostrou-se aumentada no grupo CIA50 quando comparado ao controle (p=0,008). Foi identificada uma correlação negativa entre a expressão de IL-6 e o limiar de dor no tempo de doença 25 (r=-0.732, p=0.002) e 50 (r=-0.604, p=0.022). A quantificação de neurônios degenerados não apresentou diferença estatisticamente significativa (p>0,05), mas há uma tendência de aumento do número de neurônios degenerados em camundongos do grupo CIA50 quando comparados ao CO50 (p=0,2442). Conclusão: Os dados obtidos nesta dissertação demonstram que os escores clínicos, nociceptivos, de edema da pata e histológicos caracterizaram a presença de artrite significativa em 25 e 50 dias. Na fase aguda da doença identificou-se depósitos elevados de IgM encefálico; no entanto, na fase de artrite estabelecida, apenas a expressão de IL-6 mostrou-se aumentada. Uma correlação negativa entre a expressão de IL 6 e o limiar de dor foi vista em ambos os tempos de doença (25 e 50 dias). Esses achados podem ser indicativos da presença de neuroinflamação no modelo de CIA.