A saúde e seus cuidados em O Tempo e o Vento, de Erico Verissimo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Pinheiro, Luciana Boose
Orientador(a): Bordini, Maria da Glória
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/72750
Resumo: A tese A Saúde e seus cuidados em O Tempo e o Vento, de Erico Verissimo aborda as relações entre literatura e saúde no que diz respeito à interação entre ficção e história. A história da saúde do Rio Grande do Sul ainda revela-se lacunar, ponto motivador para o desenvolvimento deste estudo, que tem como hipótese que a literatura, como representação ficcional, pode propor e interpretar processos de saúde e seus cuidados, o que, no caso de Verissimo, contribuiria para preencher pontos obscuros ou não tocados pelos historiadores da área. O objetivo principal é o de verificar como aspectos da temática da Saúde e seus cuidados são representados na trilogia verissimiana. Para isso, busca-se também: levantar as temáticas de saúde na trilogia; verificar a narrativa historiográfica atual sobre as práticas de saúde no Brasil e no Rio Grande do Sul; determinar como a narrativa ficcional verissimiana compõe a temática da saúde na organização da diegese; recorrer às teorias sobre história e ficção ricoeurianas a fim de poder confrontar as narrativas historiográfica e ficcional sobre saúde no Rio Grande do Sul com vistas a comprovar as hipóteses do estudo. Paul Ricoeur, em sua obra Tempo e Narrativa, discorre sobre as relações do ser com o tempo e sua forma de expressão, a narrativa, em seus dois maiores gêneros: a narrativa historiográfica e a narrativa de ficção. A partir do estudo das Confissões de Santo Agostinho e da Poética de Aristóteles, desenvolve a teoria da tríplice mímese, que envolve três momentos: o da mímese I, ou pré-figuração, diz respeito às vivências do sujeito no mundo, no entendimento do modo de agir humano; o da mímese II, ou configuração, consiste na imitação da ação pelo discurso; o de mímese III, ou refiguração, na intersecção do mundo do texto e do leitor pela leitura, em que se volta à mímese I através de mímese II. Para ele, somente a partir desses processos há a possibilidade de reconciliação do homem com as aporias do tempo. Nessa medida, é no movimento de leitura que há a intersecção entre as narrativas historiográfica e ficcional, de modo que a ficção se nutre da história e a história se nutre da ficção. A partir do estudo do fenômeno da tríplice mímese na obra, pode-se concluir que O Tempo e o Vento cumpre papel revelador ao leitor no que diz respeito às práticas de saúde do Rio Grande do Sul porque encerra um conjunto temporal que acompanha a origem e a formação da sua sociedade não só no âmbito social, histórico-político, mas também na história da saúde, na medida em que representa, por meio da construção da intriga, a história pública de saúde pelas personagens cuidadoras e a história privada pela narração das ações das personagens-pacientes e a representação de suas doenças, refigurando, na memória do leitor, as práticas de saúde vigentes em sua temporalidade, sua evolução e sua emancipação.