Epidemiologia da tuberculose em uma penitenciária do Rio Grande do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Kühleis, Daniele Chaves
Orientador(a): Zaha, Arnaldo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/78088
Resumo: A ocorrência de tuberculose (TB) nas penitenciárias de muitos países tem sido descrita como um problema de saúde pública, especialmente naqueles em fase de desenvolvimento sócio-econômico. No Brasil, a dimensão do problema é pouco conhecida, entretanto a introdução, em 2007, da informação sobre a origem prisional do caso de TB na ficha de notificação do SINAN aumentou a visibilidade do problema e permitiu a primeira avaliação nacional. Em 2011, a população privada de liberdade representou 0,2% da população geral, porém contribuiu com 6,8% dos casos de tuberculose notificados. Somada à alta endemicidade, também é particularmente elevada a frequência de formas resistentes e multirresistentes, relacionadas ao tratamento irregular e à detecção tardia de casos de resistência. Este trabalho teve como objetivo realizar um inquérito entre a população privada de liberdade com sintomas respiratórios de tuberculose, a fim de estimar a incidência da doença, analisar o perfil de sensibilidade aos fármacos e o genótipo dos isolados de Mycobacterium tuberculosis (M.tuberculosis), em uma penitenciária, na cidade de Charqueadas, Rio Grande do Sul. Foi aplicado um questionário de triagem entre os 1900 privados de liberdade da penitenciária, a fim de identificar os sintomáticos respiratórios (SR) que apresentavam tosse por mais de três semanas. Os SR identificados e que concordaram em participar do estudo, responderam a questionário epidemiológico, assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido e forneceram duas amostras de escarro em dias consecutivos para a realização dos exames de baciloscopia, cultura e teste de sensibilidade. Essas amostras também foram utilizadas para a extração do DNA e aplicação da técnica de spoligotyping. Com TB, foram identificados 72 pacientes (3,8%). Dezessete (23,6%) tiveram pelo menos um episódio de TB anterior, e neste caso, foram considerados como casos de retratamento. Assim sendo, a incidência de novos casos foi de 2,9% (55/1900 habitantes), o que corresponde a 3789 casos de tuberculose por 100.000 habitantes. Os testes de sensibilidade identificaram, entre os isolados testados, resistência de 15% a pelo menos uma droga, dos quais 89% eram resistentes apenas à isoniazida (INH) ou em combinação com outra droga. A classificação dos genótipos após a análise por spoligotyping mostrou que 40% dos isolados pertencem à família LAM; 22% à família T; 17,5% à família Haarlem, 12,5% à família U; 3% à família X. Os SITs mais frequentemente encontrados foram 729 (27%), 50 (9,5%), 42 (8%), 53 (8%) e 863 (8%). Já relatados em outros estudos, os SITs 729 e 863 podem ter relação com a situação de encarceramento. Além disso, pelo número elevado de genótipos agrupados, podemos concluir que a TB nesta população específica tenha sido causado principalmente, por linhagens que foram transmitidas nos últimos anos (transmissão recente). Além do mais, foi possível identificar grupamentos específicos não relatados na população em geral no mesmo período e na mesma região.