Investigando o potencial da clozapina no tratamento de sintomas psiquiátricos graves associados ao transtorno do espectro autista

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Rosa, André Luiz Schuh Teixeira da
Orientador(a): Rohde, Luis Augusto Paim
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/272494
Resumo: Introdução: Indivíduos com transtorno do espectro autista (TEA) exibem uma elevada prevalência de comorbidades psiquiátricas e comportamentos desafiadores. A abordagem terapêutica de sintomas psiquiátricos graves frequentemente requer psicofarmacoterapia. No entanto, muitos pacientes obtêm eficácia limitada com os medicamentos convencionais. Neste cenário, a clozapina, notória por sua eficácia em transtornos psiquiátricos resistentes a tratamento, surge como opção terapêutica potencial. Contudo, o panorama atual das evidências sobre sua aplicação no TEA ainda é incerto. Métodos: Uma revisão de escopo, com abordagem sistemática e inclusiva, foi desenvolvida com o objetivo de mapear e sintetizar dados empíricos sobre o uso da clozapina em pacientes autistas com sintomas psiquiátricos associados. Uma estratégia de busca abrangente foi conduzida a partir de critérios pré-definidos e dois avaliadores realizaram a seleção, extração de dados e avaliação crítica das fontes de evidência. Paralelamente, desenvolveu-se o protocolo metodológico de um ensaio clínico aberto para avaliar a eficácia, tolerabilidade e segurança da clozapina no tratamento de comportamentos disruptivos resistentes a tratamento em 30 pacientes com TEA, na faixa etária de 10 a 17 anos. Resultados: A revisão incluiu 46 estudos, contendo relatos e séries de caso, estudos retrospectivos e um quase-experimento. Evidências acumuladas de 122 pacientes autistas indicam que a clozapina pode ser eficaz em quatro agrupamentos sintomáticos em situações de refratariedade, incluindo psicose, comportamentos disruptivos, catatonia e sintomas de humor. Apesar da clozapina ser geralmente bem tolerada, a ocorrência de alguns eventos adversos graves ressalta a necessidade de monitoramento clínico rigoroso. Adicionalmente, o protocolo de um ensaio clínico aberto é apresentado. Discussão: Pela primeira vez, um estudo de revisão empregou metodologia sistemática para delimitar a literatura científica acerca do uso da clozapina em indivíduos com TEA, fornecendo a maior amostra consolidada até o momento. Os achados estão alinhados com a tendência de expansão do uso da clozapina para outras condições neuropsiquiátricas, sugerindo seu potencial como alternativa em casos complexos e críticos de TEA associados a sintomas psiquiátricos graves. Apesar de suas limitações, o ensaio clínico aberto em andamento proporcionará uma avaliação inicial sobre a eficácia da clozapina como agente antiagressivo em crianças e adolescentes autistas com comportamentos disruptivos graves. O desenho de estudo aberto é vantajoso para uma observação direta e cuidadosa dos eventos adversos associados ao uso da clozapina, aspectos críticos em uma população vulnerável com desafios comunicativos e cognitivos. Conclusão: Este trabalho, de natureza exploratória, representa um passo inicial na investigação do potencial terapêutico da clozapina em pacientes autistas com psicopatologia grave e refratária às terapias de primeira linha. A cautela na interpretação dos resultados é vital devido ao baixo nível de evidência dos estudos atuais, enfatizando a necessidade de mais pesquisas clínicas rigorosas para elucidar o papel da clozapina. Nesse contexto, um ensaio clínico aberto em um hospital universitário pode fornecer suporte empírico preliminar de eficácia e segurança, até que estudos mais robustos sejam conduzidos.