Folkcomunicação e imaginário: narrativas e imagens do fenômeno Corpo Santo na comunidade Terra Preta, em Coari, AM

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Menezes, Gleilson Medins de
Orientador(a): Martins, Ana Tais
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/268199
Resumo: Esta pesquisa estuda um fenômeno sociorreligioso amazônico denominado por seus seguidores como Corpo Santo. Trata-se de uma prática de religiosidade popular observada na comunidade ribeirinha de Terra Preta, localizada no Lago do Mamiá, na zona rural do município de Coari, no estado do Amazonas. A investigação lança mão da Teoria da Folkcomunicação, Teoria da Complexidade e Teoria Geral do Imaginário (TGI daqui em diante) como bases epistemológicas. Proponho o entendimento do Corpo Santo como um fenômeno de religiosidade popular autônomo a partir de uma abordagem multidisciplinar considerando seus elementos narrativos materiais e imateriais, assim como suas variantes simbólicas, sociais, ambientais e históricas. Para tanto, apresento o seguinte problema de pesquisa: quais as principais tensões e/ou intimações que orientam e organizam o imaginário dos crentes do Corpo Santo e o percurso simbólico que estes fazem pelos regimes e estruturas figurativas do imaginário? Tendo como objetivo geral elucidar a base simbólica da crença no Corpo Santo a partir dos pressupostos teóricos da TGI, e como objetivos específicos os seguintes: 1) Apresentar o Corpo Santo como um fenômeno de comunicação popular da esfera religiosa e seus principais elementos simbólicos; 2) Identificar os traços folkcomunicacionais na vida sociorreligiosa dos comunitários, bem como sua(s) liderança(s) de folk; 3) Identificar as dinâmicas do imaginário na prática do ex-voto para o culto ao Corpo Santo, e 4) Mapear as constelações de imagens nas narrativas orais dos mais velhos da comunidade. Como metodologia optou-se por desenvolver uma leitura simbólica das narrativas orais dos mais velhos da comunidade, orientada também pela observação participante e demais procedimentos etnográficos utilizados durante a imersão em campo. Concluiu-se que apesar de apresentar relativa alternância entre os regimes da imagem (diurno e noturno), a base simbólica do culto ao Corpo Santo é orientada predominantemente pela estrutura heroica em face da presença decisiva do schemè ascensional e o comportamento dos devotos é pautado, sobretudo, pela postura da divisão e/ou negação (certo ou errado, melhor ou pior, lá ou aqui etc.). Mesmo o comportamento místico do recolhimento em face da sua discriminação sociorreligiosa é imediatamente transmutado em heroico, pois, ao se afastar (portanto, negar-se) propositalmente do convívio com as pessoas da cidade de Coari (o equivalente à oposição às trevas no seu imaginário), eles permanecem reclusos, porém clarificados e resguardados por uma muralha heroica sem a qual não seria possível viver em paz em seu refúgio às margens do Lago do Mamiá e, principalmente, protegidos por sua entidade sagrada, o Corpo Santo.