Projeção de indicadores de segurança hídrica em escala nacional para diferentes cenários de mudanças climáticas e consumo de água utilizando geoprocessamento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Naitzel, Letícia Tábita
Orientador(a): Fan, Fernando Mainardi
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/270468
Resumo: Projeta-se que diversos setores que dependem direta ou indiretamente dos recursos hídricos poderão ser afetados drasticamente nos próximos anos pelos impactos das mudanças climáticas, os quais têm evidentes influências antrópicas. A escassez hídrica já afeta entre um e dois bilhões de pessoas no mundo, cuja maioria vive em regiões áridas, onde a diferença entre demanda e oferta de água é a maior que se pode ter. Alterações dos padrões hidrológicos e aumento da intensidade e frequência dos eventos extremos bem com o declínio das chuvas poderão impactar os fluxos dos rios, causando problemas não apenas na oferta de água superficial, mas também no planejamento de infraestrutura e de alocação de água para atendimento de usos múltiplos, aumentando-se o conflito entre a irrigação e outros usos da água. Ou seja, a insegurança hídrica e todos os seus impactos nas mais diversas esferas que dependem de água é um tema cada vez mais importante no cenário mundial, especialmente pela intensificação dos impactos das mudanças climáticas sobre os recursos hídricos. Entretanto, ainda há muita divergência em relação à definição de segurança hídrica, bem como em relação à sua mensuração. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi propor e testar a aplicação de um método para definir um Índice de Segurança Hídrica (ISH) no Brasil através da integração de indicadores das dimensões humana, ecossistêmica, econômica e de resiliência utilizando geoprocessamento, tanto para o período atual quanto para o futuro (2081-2100), considerando cenários de mudanças climáticas de Modelos Climáticos Globais do CMIP5. Após a definição dos indicadores e variáveis aplicáveis em cada dimensão, foi realizado o mapeamento de cada dimensão do ISH para o período atual e verificada a sua coerência e a sua representatividade em escala regional, dada a diversidade socioeconômica e ambiental do país. Para as projeções futuras, foram considerados diversos cenários de alteração de consumo per capita na dimensão humana. Além disso, na dimensão econômica, o consumo de água para agropecuária foi reajustado proporcionalmente com a mudança nas projeções futuras de evapotranspiração. Para as dimensões ecossistêmica e de resiliência, foram consideradas as alterações da vazão média calculadas por Brêda et al. (2020) sobre as vazões Q95 e Qm. Os resultados do mapeamento do ISH para o período atual mostraram-se condizentes com a realidade e o contexto regionais, porém, quando aplicados os cenários de alteração de consumo de água e de mudança do clima nos cenários RCP 4.5 e RCP 8.5, verificou-se uma baixa sensibilidade do ISH frente a essas mudanças, sendo que visivelmente não foi possível observar muita diferença entre o período atual e os períodos futuros. Provavelmente, isso esteja relacionado com a amplitude dos indicadores do ISH no Brasil, especialmente as vazões. Mesmo quando projetadas anomalias de mudanças climáticas de aumento de vazões no Nordeste (que apresenta as mínimas vazões no Brasil) e redução no Norte (onde são observadas as vazões máximas do país), as diferenças na disponibilidade hídrica superficial entre Semiárido e Amazônia ainda são muito grandes. Todavia, a análise dos resultados do ISH entre os biomas aponta para diferenças evidentes, em que o bioma Pantanal, que é a maior planície de inundação do mundo, apresentou os maiores valores mínimos de segurança hídrica, que são muito superiores aos valores encontrados nos outros biomas (com exceção da Amazônia, que também apresenta características de clima úmido). Dessa forma, pode-se dizer que a aplicação de métodos de geoprocessamento em uma escala continental, em que é observada uma grande variabilidade nas características climáticas, ambientais, políticas e socioeconômicas, traz resultados pouco sensíveis a mudanças futuras, sendo necessário, em trabalhos futuros, aplicar tais métodos em escalas espaciais menores, em que tais características são mais homogêneas, e os indicadores do ISH sejam selecionados de acordo com as especificidades locais.