Cantos do cipó : poesia, ayahuasca e agência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Boarin, Fernanda Vivacqua de Souza Galvão
Orientador(a): Brito Junior, Antonio Barros de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/280707
Resumo: O objetivo da presente tese é produzir uma leitura crítica e comparada de quatro poéticas, tendo como atravessamento comum o vínculo estabelecido com a bebida indígena e amazônica ayahuasca – ou cipó. As poéticas são: as traduções dos cantos xamânicos marubo, por Pedro Cesarino (2011; 2013), os hinos da religião Santo Daime, Caracol de nós, de Álvaro Faleiros (2018), e Seiva veneno ou fruto, de Júlia de Carvalho Hansen (2018) – os dois últimos, livros de poemas. Junto à apresentação da bebida, num primeiro momento, foi mobilizada a concepção de planta professora, assim como os trânsitos empreendidos pelo ser vegetal, sobretudo entre a Floresta e os centros urbanos, além de a relação entre a ayahuasca e o campo das artes. Diante desse panorama, perpassam a pesquisa: a participação do sujeito-pesquisador e a noção de experiência, o diálogo interdisciplinar com a Antropologia e os deslocamentos entre a oralidade e a escrita. Para subsidiar a leitura crítica, a discussão teórico metodológica se deu em torno do desafio de produzir conhecimento junto ao outro, sem obliterar a diferença, contando, para tanto, com as contribuições de Roy Wagner acerca da invenção da cultura e as de Tim Ingold, sobre a restituição dos fluxos vitais nesse processo. A essa discussão, soma-se a referida noção de planta professora, aprofundada através das sistematizações de Viveiros de Castro sobre o perspectivismo indígena. Logo, chega-se à agência como categoria central para a comparação entre as poéticas analisadas. Acerca do conceito, destrincham-se os seguintes pontos: a) agência, obra de arte e figuração – em busca de um modelo ontológico de análise; b) magia, enunciação e deslocamento perspectivo; e c) corpo, performance e produção de presença. Enredada a esse debate, a leitura crítica se deu evidenciando a dimensão enunciativa das poéticas, mas, também, categorias nativas e trajetórias individuais, com o intuito de colocar em foco a experiência (o corpo) – seja a do tradutor, a dos adeptos religiosos, a dos poetas, a da pesquisadora. Tendo como fio condutor as agências aliançadas – agências essas passíveis de serem abduzidas, borrando as fronteiras entre o humano e o não humano –, as quatro poéticas, por um lado, demandaram caminhos próprios de leitura, revelando um comparatismo que não se coaduna à síntese, e, por outro, pontos análogos que permitem repensar não somente o olhar crítico às poéticas ayahuasqueiras, como, na mesma medida, as categorias analíticas da área, dadas as perguntas afloradas no périplo da pesquisa.