Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Daniel, Helena Mutede Cutótua |
Orientador(a): |
Rohde, Luis Augusto Paim |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/271325
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Resumo: |
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por níveis de desatenção e hiperatividade/impulsividade prejudiciais e inadequados para a idade, que se manifestam precocemente na infância e podem persistir na idade adulta, influenciando o funcionamento pessoal, social ou acadêmico/profissional. Diversos estudos têm avaliado a prevalência do TDAH entre crianças e adolescentes em diferentes países, incluindo o Brasil. Há vários países africanos, como Moçambique, onde não existem dados epidemiológicos sobre o TDAH. A relevância clínica do estudo do TDAH em crianças do continente africano reside na possível associação deste transtorno com um pior funcionamento adaptativo e social, refletido tanto por taxas mais elevadas de abuso/dependência de drogas como de insucesso e suspensões escolares, determinando o abandono escolar. Assim, os nossos objetivos foram: a) estudar a taxa de prevalência do TDAH; b) a frequência de comorbidade com Transtornos Disruptivos do Comportamento; c) principais desfechos negativos associados ao transtorno; d) desempenho de um instrumento de rastreio para diagnóstico do transtorno; e) qual o número de sintomas de TDAH pelo DSM-5 que melhor se associa à prejuizo numa amostra de crianças e adolescentes de escolas primárias de Nampula, Moçambique. Avaliou-se a prevalência do TDAH a partir de uma população estimada em cerca de 43.000 alunos matriculados no ensino primário em 106 escolas da cidade de Nampula. Foi selecionada uma amostra aleatória de 748 alunos para o rastreio de TDAH. A escala SNAP-IV foi aplicada tanto aos pais como aos professores. Todos os alunos com resultados positivos (n = 76) e um subconjunto de indivíduos com resultados negativos (n = 76) foram submetidos a uma avaliação clínica psiquiátrica. A seguir, avaliamos o desempenho diagnóstico do instrumento utilizado para o rastreio do TDAH através de entrevistas psiquiátricas estruturadas. Por fim, examinamos o critério A (número de sintomas) da DSM-5 em relação a prejuízo funcional. A prevalência de TDAH foi estimada em 13,4% (IC 95%: 11,5%—19,2%) e 30,6% dos indivíduos com TDAH apresentavam transtorno disruptivo do comportamento comórbido. A prematuridade e a presença de uma condição médica do bebé à nascença foram associadas ao TDAH ( p< .001). Os alunos com TDAH (n=36) apresentaram taxas significativamente mais elevadas de consumo de substâncias (álcool, marijuana) (p< .001) e de repetências escolares do que os controlos (n=96; p < .001). A comorbidade entre TDAH e Transtorno Disruptivo aumentou a chance de uso de substâncias (p < .001). A análise dos sintomas individuais de TDAH na fase de rastreio mostrou uma baixa concordância entre pais e professores. O desempenho do instrumento para rastreio do diagnóstico do TDAH foi fraco, independentemente do ponto de corte escolhido. Utilizando os dados da avaliação clínica, nenhum outro ponto de corte para o número de sintomas de desatenção e de hiperatividade/impulsividade funcionou melhor do que o ponto de corte de 6 sintomas sugerido pelo DSM-5 para a desatenção e para a hiperatividade/impulsividade (AUC = 0,75; IC95% = 0,67 - 0,84). Os nossos resultados demonstraram que o TDAH é um transtorno mental prevalente em Moçambique e está associado a perfis de comorbilidade, fatores predisponentes e resultados negativos semelhantes aos de outras culturas. Além disso, eles sublinham a adequação do ponto de corte do DSM-5 para o número de sintomas de desatenção e hiperatividade/impulsividade do TDAH (critério A) em uma cultura africana e, também indicam que se deve ter cuidado ao utilizar instrumentos de rastreio baseados apenas nos relatos dos pais ou dos professores sobre os sintomas para prever o diagnóstico categórico da TDAH. |