Associação da transição do cuidado com eventos adversos após a alta de um centro de terapia intensiva

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Hervé, Michele Elisa Weschenfelder
Orientador(a): Lima, Maria Alice Dias da Silva
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/201308
Resumo: Introdução: A transição do cuidado refere-se a um conjunto de ações destinadas à coordenação e à continuidade do cuidado na transferência de pacientes entre diferentes locais ou níveis do sistema de saúde. É um processo complexo sujeito a inúmeras falhas, que podem levar à ocorrência de eventos adversos graves, particularmente na alta da terapia intensiva. Objetivo: Analisar a associação entre a ocorrência de eventos adversos em 72 horas e as práticas de transição do cuidado na alta do Centro de Terapia Intensiva (CTI) para unidades de internação clínicas ou cirúrgicas, de um hospital universitário de Porto Alegre. Método: Estudo observacional, longitudinal, realizado de novembro de 2018 a abril de 2019, que acompanhou pacientes maiores de 18 anos, transferidos do CTI para uma unidade de internação clínica ou cirúrgica. Foram coletados de forma prospectiva, dados sobre as características sociodemográficos e clínicas, características da internação no CTI, condições do paciente no momento da alta, práticas de transição do cuidado e o desfecho eventos adversos, bem como, entrevista com paciente ou acompanhante para identificar as orientações de alta recebidas. Foram considerados como eventos adversos: erro de medicação; queda; remoção acidental de dispositivos invasivos; sangramento; acionamento do Time de Resposta Rápida (TRR); parada cardiorrespiratória (PCR); readmissão não planejada ao CTI; e óbito. Após análise univariada, foi realizada a análise multivariada através do modelo de regressão de Poisson, conforme modelo hierárquico construído em blocos. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição do estudo. Resultados: Dos 334 pacientes acompanhados, 28,7% apresentaram algum evento adverso, nas primeiras 72 horas, sendo que 17,4% necessitaram de atendimento do TRR, 10,2% sofreram remoção acidental de dispositivo invasivo, 5,7% foram readmitidos ao CTI. A taxa de mortalidade hospitalar foi de 10,5% e 14,4% dos pacientes foram readmitidos em qualquer período após a alta do CTI. A análise univariada mostrou que a incidência de eventos adversos foi maior em pacientes com uso de ventilação mecânica invasiva, sedação endovenosa contínua e desenvolvimento de delirium no CTI. No momento da alta, estiveram associados com o desfecho, a presença de cateter venoso central e infusões endovenosas, presença de sonda e uso de dieta enteral, o estado de consciência, agitação, carga de trabalho, frequência cardíaca e pressão arterial. Em pacientes que sofreram evento adverso a solicitação de pré-alta foi mais frequente e houve menor frequência de orientações sobre prevenção de quedas e de dúvidas consideradas esclarecidas. As demais práticas de transição do cuidado foram semelhantes entre os grupos. Na análise multivariada, o diagnóstico de depressão, internação por diminuição do sensório, SAPS III, dieta enteral e agitação foram preditores independentes de risco para eventos adversos. Conclusão: Identificou-se incidência de quase 30% de eventos adversos em 72 horas após alta do CTI e não houve associação com as práticas de transição do cuidado. Depressão, internação por diminuição do sensório, escore SAPS III na admissão e uso de dieta enteral e agitação no momento da alta mostraram-se preditores independentes de risco, sugerindo que as estratégias sejam revistas e direcionadas ao perfil do paciente.