“Tem orgânico pra tudo, inclusive tem orgânico de luxo” – : inovações, singularidades e qualificações no mercado de produtos orgânicos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Lucion, Jéssica Maria Rosa
Orientador(a): Radomsky, Guilherme Francisco Waterloo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/224009
Resumo: Partindo do entendimento de que os alimentos e os hábitos alimentares são construídos socialmente e que possuem diferentes significados em diferentes tempos, espaços e contextos sociais, esta tese busca compreender qual é a trajetória social do “orgânico” e quais os distintos referenciais de qualificação que assume ao longo do tempo e de acordo com os contextos e atores pelos quais circula. O mercado de produtos orgânicos é cada vez mais flexível, dinâmico e caracterizado por um leque de atores mais amplo e heterogêneo, bem como por produtos cada vez mais diferenciados e singularizados que circulam e gravitam em torno do “orgânico”, mas que não são fixos ou dependentes deste significado. Considerando as mudanças recentes no cenário e no mercado dos produtos orgânicos, busco compreender como o “orgânico” é construído, desconstruído e/ou reconstruído, em que circunstâncias perde ou adquire significados, e que implicações essas mudanças têm para os diferentes atores envolvidos com a sua cadeia de produção, processamento, distribuição e consumo. A partir de dados de fontes primárias e secundárias acerca dos processos e experiências de singularização na bananicultura, em especial da banana orgânica, esta tese busca demonstrar que ao longo do processo de regulamentação e institucionalização da produção orgânica, o “orgânico” passou a ser mercantilizado, seus princípios explorados comercialmente, o que promoveu mudanças de significado e na trajetória que os produtos orgânicos passam a assumir a partir de então. Assim, ao mesmo tempo em que produtos como bananas orgânicas, enquanto singulares, mobilizam diferentes mercantilizações, por vezes consideradas alternativas, os processos de mercantilização e regulamentação dos mercados alimentares recentes também promovem diferentes singularizações em relação aos próprios produtos orgânicos que perdem alguns significados e adquirem outros. Ao longo da sua trajetória, e dependendo dos atores e contextos pelos quais circula, demonstrei que a banana orgânica vai assumindo outros significados que vão se sobrepondo ao orgânico (como sem glúten, sem conservantes, sem lactose, etc.), ou até mesmo deixando de ser orgânica. Por conta de dificuldades, principalmente financeiras, para acessar a certificação orgânica, investir em embalagens e publicidades, muito dos pequenos produtores acabam tendo dificuldades para se manter neste novo mercado. Isso leva a crer que os atores mais capitalizados desta cadeia são aqueles que conseguirão agregar valor e novos referenciais de qualidade aos produtos. No entanto, mesmo com a existência desses processos e de atores mais bem posicionados, que melhor se aproveitam do mercado, considera-se que no mercado de produtos orgânicos há ainda muitos espaços para outros atores que, mesmo menos capitalizados e enfrentando dificuldades, fazem valer suas potencialidades e capacidades.