Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Esteves, Mauricio Winck |
Orientador(a): |
Costa, Luis Artur |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/246648
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Resumo: |
Esta dissertação está composta por três blocos ensaísticos, os quais, em suas respectivas frentes, procuram operar uma crítica à noção de autoria moderna. Nessa empreitada, o que dá sustentação à trama entre os três blocos, o que dá a liga, é o argumento de que uma das condições de possibilidade do autor moderno é um triplo enlace entre autoria, culpa e propriedade, o qual é assegurado por uma lógica do ressentimento que se apropria da culpa e a mobiliza como uma tecnologia de produção do sujeito, uma mnemotécnica. Esse argumento passa, em uma direção, por uma crítica aos sujeitos inventados em Descartes, em Kant e na psicanálise edipiana, nos quais, de modos distintos, a afirmação de uma autoria individual coincide com uma universalização da consciência moral ressentida. Em outra direção, contra a atribuição/autoatribuição da culpa por meio da qual esses sujeitos se inventam, busca-se combate-la nos lugares nos quais ela se produz: a fabricação ficcional de um sujeito é investigada no interior dos mecanismos disciplinares e da biopolítica, enquanto que, a partir de uma genealogia nietzschiana, a culpa é compreendida como uma tecnologia de si, em variação, desde uma moral judaico-cristã até as suas versões mais recentes, em um capitalismo neoliberal. Essa arguição, cada bloco ensaístico a constrói sob diferentes perspectivas. O primeiro percorre a invenção do sujeito-autor através da invenção de um Outro não sujeito/não autor. Invenção essa levada a cabo pela face alterocida do ressentimento, complemento essencial ao endividamento. O segundo aprecia o triplo enlace entre autoria, culpa e propriedade ao sublinhar o registro da propriedade, ao mobilizar, nessa direção, o problema da autoria dos não humanos e as transformações contemporâneas da articulação entre sujeito e predicado (da posse ao consumo). O terceiro e último bloco, por sua vez, ressalta o registro da culpa, aprofunda essa mnemotécnica do ressentimento ao tratar dos mecanismos da promessa, da memória e do esquecimento. Além disso, do início ao fim, a crítica agenciada sob essas diferentes perspectivas se produz também em um sentido propositivo. Contra o exercício autoral modulado pela lógica do ressentimento, os ensaios experimentam a apresentação de um outro horizonte ético. Nessa direção, busca-se operar com a ideia de uma autoria antropofágica, que faz variar a ficção do sujeito através de uma dupla captura (predar-ser-predado), e com o par conceitual parresía-amor fati, em direção ao avesso do ressentimento, em direção à responsabilidade diante do si próprio que forjamos/inventamos para nós mesmos. |