Efeitos neurocomportamentais do tratamento neonatal com ferro : possível modelo para o estudo de doenças neurodegenerativas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1999
Autor(a) principal: Schroder, Nadja
Orientador(a): Izquierdo, Ivan Antonio, Archer, Trevor
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/268124
Resumo: O excesso de ferro no cérebro tem sido relacionado com a patogênese de várias doenças neurodegenerativas humanas. O período neonatal é crítico para o estabelecimento da concentração de ferro no cérebro adulto. Nesta tese são avaliados os efeitos neurocomportamentais do tratamento neonatal com ferro. No primeiro estudo (capítulo II) camundongos NMRI foram tratados oralmente com 3.7 ou 37.0 mg Fe+2/kg diariamente do 10° ao 12° dias de vida pós-natal. Os animais tratados com Fe+2 37.0 mg/kg apresentaram marcada hipocinesia para os três parâmetros da atividade motora: locomoção, respostas de orientação e atividade total nos primeiros vinte minutos, no entanto foram mais ativos nos vinte minutos finais da sessão de uma hora. Os camundongos tratados com a dose mais baixa (Fe+2 3.7 mg/kg/dia) apresentaram diminuição apenas no número de respostas de orientação no primeiros vinte minutos e um aumento da locomoção e das respostas de orientação nos vinte minutos finais da sessão. Na tarefa do labirinto radial, os camundongos tratados com Fe+2 37.0 mg/kg apresentaram um maior número de erros, bem como uma latência maior em obter os 8 pellets no 3° dia testado, quando comparados com os controles. A análise do conteúdo total de ferro (μg/g) mostrou que a dose de 37.0 mg/kg induziu um aumento nos níveis de ferro nos gânglios da base, mas não no córtex frontal. No segundo grupo de experimentos (capítulo III) os camundongos foram tratados com ferro (7.5 mg/kg) em três diferentes fases do período neonatal: do 3° ao 5°, do 10° ao 12° e do 19° ao 21º dia de vida. Confirmando os resultados obtidos no primeiro estudo, o tratamento com ferro do 10° ao 12º dia causou hipocinesia para os três parâmetros da atividade motora nos primeiros vinte minutos, sendo que a respostas de orientação neste caso, continuaram diminuídas no 2° período de 20 minutos. Novamente, encontrou-se um aumento dos três parâmetros nos vinte minutos finais da sessão. O tratamento com ferro do 3° ao 5° dia, produz efeitos sobre a atividade motora, mas em uma menor extensão que aqueles produzidos pelo tratamento do 10° ao 12° dia. Na tarefa do labirinto radial, os camundongos tratados do 10° ao 12° dia apresentaram maior número de erros e maior latência na segunda e terceira (última) sessão, enquanto que nos tratados do 3° ao 5° dia o mesmo ocorreu somente na última. A análise do conteúdo total de ferro (μg/g) mostrou que quando o ferro foi administrado do 3° ao 5° e do 10° ao 12° encontrou-se uma elevação nos níveis de ferro nos gânglios da base, mas não no córtex frontal. O tratamento neonatal com ferro do 19° ao 21° dia de vida não produziu efeitos em nenhum dos parâmetros das tarefas comportamentais estudadas, além de não alterar o conteúdos de ferro nos gânglios da base. Com o objetivo de investigar a interação dos efeitos do ferro administrado no período neonatal com tratamento com MPTP (capítulo IV), grupos de camundongos C57 Bl/6 receberam Fe2+ (7.5 mg/kg), ou veículo do 10° ao 12° dia de vida, seguido, aos 3 meses de idade pela administração de MPTP (2 x 20 ou 2 x 40 mg/kg, s.c.) ou salina. A combinação do tratamento neonatal com ferro com a exposição dos camundongos adultos ao MPTP produziu déficits severos na atividade motora, acentuando os efeitos do MPTP. A análise neuroquímica mostrou que a combinação do ferro com MPTP produz uma depleção mais acentuada do conteúdo de DA estriatal, do que aquela encontrada nos animais tratados apenas com MPTP. No capítulo V ratos foram tratados com ferro em quatro diferentes doses do 10° ao 12° dia de vida. Os ratos que receberam Fe+2 30.0 mg/kg (dose mais alta) apresentaram diminuição no número de cruzamentos nos 5 minutos finais da sessão na tarefa do campo aberto. Na tarefa do labirinto radial todas as doses utilizadas (de 2.5 a 30.0 mg/kg/dia) causaram aumento na latência em visitar os oito braços e menor número de escolhas corretas nas 8 primeiras entradas no 5° (último) dia testado. O conhecimento dos efeitos funcionais do excesso de ferro adquirido pelo cérebro durante o período neonatal ainda é limitado, no entanto os resultados obtidos apontam para o envolvimento do ferro em processos neurodegenerativos.