Corporeizar : acompanhar o problema do adoecimento das professoras a partir de uma intervenção ético-afectiva em grupos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Yonezawa, Fernando Hiromi
Orientador(a): Souza, Nádia Geisa Silveira de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/15524
Resumo: Neste trabalho, embasando-nos na Filosofia da Imanência de Deleuze e Guattari, estivemos problematizando o corpo e seu posicionamento estratégico na produção de modos de vida – ética – no campo da Educação. Para tanto, partimos de duas grandes linhas de composição: o problema do constante adoecimento dos professores da rede municipal de ensino e a experiência que tivemos de uma intervenção prática, realizada junto a três grupos de professoras de uma escola municipal de Porto Alegre. Nesta experiência, tomamos contato com os problemas mais cotidianos e concretos vividos pelas professoras em seu trabalho como educadoras. Com o compromisso de, junto com as professoras dos grupos, construirmos novas possibilidades para os impasses do cotidiano, buscamos criar um território produtivo e de ação concreta para uma Psicologia da Imanência na Educação. Foi um trabalho realizado a partir de um projeto enviado à Secretaria Municipal de Educação, reivindicado pelas próprias professoras. Assim, nós nos propusemos a explorar o problema do corpo, conceituando-o como produção intensa de éticas. Analisamos os modos segundo os quais o capitalismo produz corpos e formas de vida no espaço micropolítico da escola, bem como questionamos a abordagem orgânica e médica do problema do adoecimento dos professores. Buscamos produzir, junto com as professoras, uma micropolítica dos encontros entre os corpos, tecemos uma superfície de sensibilidade e ação voltada para os devires e as possibilidades insuspeitas. Entramos constantemente em contato com questões relacionadas à bagunça dos alunos, às dificuldades docentes de despertarem o interesse das crianças para as aulas, à pobreza da comunidade em que está inserida a escola, à violência vivida diariamente pelos alunos em contato com o comércio de drogas, às violências silenciosas sentidas mesmo entre as professoras nas relações institucionais, às dificuldades de aprendizagem e ao excesso de demandas sociais que recaem sobre a escola, especialmente sobre o trabalho do professor. Mas, como nossa questão foi o corpo, o que mais nos interessou nos encontros com os grupos foram os afectos, ou seja, as formas de sentir, perceber, agir e se sensibilizar com o cotidiano vivido na escola. O interesse pelos afectos foi, para nós, o interesse pelos modos segundo os quais os corpos podem ser potentes ou impotentes, potentes ou poderosos. Querer os afectos por perto foi querer estar ao lado das professoras, acompanhando-as naquilo que se expressa em seus corpos, sejam as dores dos adoecimentos, sejam as aflições com a violência, sejam ainda, os abraços dos alunos. Deparamo-nos com uma miríade de sensações que as professoras traziam de seu dia-a-dia e que, muitas vezes, não encontravam espaço de expressão e, principalmente, transformação. É sobre a possibilidade concreta de transformação da realidade a partir da concomitante transformação dos modos de sentir e perceber, que falamos neste trabalho. O corpo foi, por isso, nosso ponto de início e de desdobramento, já que nossa intervenção junto às professoras e nossa análise do adoecimento dos professores tiveram como substrato as matérias de expressão, as éticas e as potências produzidas nos encontros entre os corpos.