Impacto da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2) sobre a saúde de mulheres climatéricas : websurvey

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Pezzali, Luíza Guazzelli
Orientador(a): Wender, Maria Celeste Osório
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/253180
Resumo: Introdução: A transição menopausal é um importante marco na vida reprodutiva feminina. É caracterizada pela significativa queda dos níveis circulantes de estrogênio, traduzindo-se em diversos sintomas físicos e emocionais que poderão afetar negativamente a qualidade de vida da mulher, bem como aumentar o risco de algumas doenças. A pandemia da COVID-19 impactou a sociedade de diversas formas. Além de ter provocado o colapso de sistemas de saúde por todo o mundo, também repercutiu de maneira significativa na economia, nos cuidados pessoais, na saúde mental e na qualidade de vida da população. Muitos estudos vem sendo conduzidos para avaliar o impacto da pandemia sobre o sexo feminino, porém poucos deles tem como foco a população climatérica, mulheres que lidam com os desafios inerentes ao gênero e também outros específicos desta fase, que podem impactar diretamente na sua qualidade de vida e saúde. Objetivo: Investigar as modificações na saúde e na atenção à saúde de mulheres climatéricas de 40 a 70 anos residentes no Brasil no período da pandemia. Método: Estudo transversal de mulheres climatéricas com idade entre 40 e 70 anos, residentes no Brasil. A avaliação foi realizada através de formulário eletrônico Google Docs com questões relativas a dados sociodemográficos, clínicos, ginecológicos, tratamentos, acesso aos serviços de saúde e consultas, bem como mudanças no comportamento. Adicionalmente, para avaliação de sintomas climatéricos, se aplicou o Menopause Rating Scale - MRS, validado 9 para o Português, que contém 11 questões distribuídas em 3 grandes grupos: sintomas somato-vegetativos, sintomas urogenitais e sintomas psicológicos. Resultados: 419 mulheres responderam o questionário. Mais de 45% delas tinham entre 51 e 60 anos de idade, sendo a maioria (73,5%) casada e residindo em capitais brasileiras (56,6%). Sessenta por cento das participantes reportaram ganho de peso durante a pandemia. A prática de atividade física semanal apresentou diminuição para 50,8% das participantes. Mais de 80% das mulheres relataram piora da saúde mental durante este período, e 66,1% tiveram mudança no padrão do sono. Mais da metade relatou ter dificuldade de acesso à consulta ginecológica. Percentual similar foi observado em relação à realização de exames de rotina da saúde da mulher (58,0%). As mulheres residentes em cidades capitais relataram maior incremento de consumo de álcool (p=0,002). A ingestão de alimentos aumentou para 54,9% das participantes; a categoria de funcionário público esteve associada a uma mudança maior e significativa no consumo (68,5% reportaram aumento) em relação a outras profissões (p=0,038). As mulheres cujas rendas familiares se alteraram durante a pandemia apresentaram maior prevalência de ganho de peso (p=0,033) e também apresentaram maior ocorrência de alteração na qualidade do sono (72,6% x 61,5%; p=0,018). Mulheres de alta escolaridade tiveram maior ocorrência de alterações no desfecho cuidados pessoais e saúde (p<0,001). Conclusão: Observamos uma redução importante nos cuidados das mulheres climatéricas com a sua saúde no período da pandemia. Além da diminuição de consultas médicas e exames preventivos, modificações nos hábitos de vida, como aumento no consumo alimentar e redução da prática de atividade física, foram bastante prevalentes. Observou-se, também, deterioração na saúde 10 mental, com grande prevalência de sintomas de ansiedade e de mudança da qualidade do sono de muitas delas. Portanto, apesar da atenuação da pandemia após dois anos da sua instalação, deverá ser dada atenção aos cuidados de saúde dessa população, pois as alterações advindas deste período poderão repercutir por muitos anos.