Práticas hibridizadas de socialização e projetos em uma escola rural do interior do estado do Rio Grande do Sul : a comunidade na escola, a escola na comunidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Battisti, Juliana
Orientador(a): Simões, Luciene Juliano
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/150322
Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo descrever as orientações de letramento de crianças de uma turma de primeiro e terceiro ano do Ensino Fundamental I de uma escola pública estadual, localizada na zona rural do sul do Brasil, bem como investigar a presença e os usos da escrita das crianças e dos seus familiares fora do contexto escolar. A pesquisa foi realizada por meio de trabalho de campo de nove meses, que envolveu a geração de dados etnográficos na escola e na comunidade por meio de observação participante, gravação audiovisual das aulas, entrevistas com os professores e membros da comunidade, registros fotográficos e coleta de documentos. A fundamentação teórica que orientou todo o processo investigativo está baseada nos Novos Estudos sobre Letramentos (HEATH, 1982,1983, 2012; STREET, 1984; BARTON, 2007), os quais entendem letramento como um conjunto de práticas sociais que envolvem a leitura e a escrita e que estão inscritas em um contexto cultural específico. Os principais conceitos que guiam este trabalho são o de letramento (BARTON; HAMILTON, 1998), eventos de letramento (HEATH, 1982) e práticas de letramento (BARTON, 2007). Por meio da análise dos dados, concluímos que há, dentro da escola, orientações de letramento alinhadas à valorização de um conhecimento construído socialmente e que está diretamente conectada à configuração socioeconômica dos grupos que fazem parte da comunidade investigada. A escrita medeia um encontro entre a vida que está fora da escola e a vida que se faz dentro, estabelecendo determinadas funções para o letramento. Nessa escola, saber ler e escrever serve para: ser agricultor; ser cidadão do mundo; ser pesquisador. Além disso, constatamos que as crianças e os seus familiares são membros de um grupo social que usa a escrita de diferentes maneiras e para diversos propósitos em suas vidas e que as crianças acabam por se envolver em práticas de letramento ligadas ao mundo adulto, seja como participantes ou apenas observadores. Além disso, averiguamos que há uma relação complexa entre identidades social de gênero/ser agricultor e letramentos. O presente estudo pretende dar visibilidade às práticas de letramento dos membros e das crianças que vivem em uma comunidade rural em diferentes contextos, abrindo caminhos para que a instituição escolar reconheça e valorize o conhecimento que essas pessoas trazem para a escola, desconstruindo uma visão deficitária sobre populações rurais.