Entre cinema e videoarte : procedimentos disjuntivos de montagem e narrativas sensoriais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Gobatto, Marcelo Roberto
Orientador(a): Cattani, Icleia Maria Borsa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/32898
Resumo: A presente pesquisa parte da análise dos procedimentos implicados na criação de obras em vídeo e videoinstalações produzidas entre 2004 e 2008. A valorização dos aspectos sensoriais da imagem - como as descrições do espaço e da paisagem que aparecem em vários vídeos desse período – transforma as relações entre espaço e tempo nessas narrativas, que vão se caracterizando pelo aparecimento de espaços vazios e por uma crescente autonomia das imagens e dos sons. Na montagem, os intervalos entre as imagens, a descontinuidade, a dissociação entre a imagem e o som, as repetições/recorrências, são procedimentos que constroem uma lógica disjuntiva (inclusiva), paratática e ligada a um pensamento paradoxal (não-causal e não-racional). Nas videoinstalações a disjunção se apresenta com o uso de múltiplos televisores/projetores, criando novas ressonâncias entre as imagens. As narrativas desses vídeos apresentam uma ambivalência entre imagens significantes e não-significantes e operam num regime sensório-temporal - marcado pelo tempo, pela montagem disjuntiva e pela potência pura das imagens. Além da análise de nossas obras buscamos referências na filosofia de Bergson para entender a imagem além da representação e as relações entre corpo e consciência além da fenomenologia. Com o conceito de imagem-movimento forjado por Deleuze (que caracteriza nossa experiência de mundo) podemos mostrar como as imagens cinematográficas (e também a imagem-vídeo), liberadas de suas conexões habituais (sensório-motoras) vão entrar em relação com o tempo e o pensamento. Aproximamos os procedimentos observados em nossa prática com a experiência do cinema moderno em relação à função do espaço, às descrições puras, à autonomia das imagens e dos signos e às transformações da montagem. Problematizamos também a questão da narrativa no âmbito da videoarte e na produção de filmes e vídeos experimentais, investigando as diferenças entre filmes narrativos e nãonarrativos e discutindo os conceitos de narrativa e acontecimento. Analisamos os procedimentos de filmagem e montagem no cinema de Vertov, no flicker-film, no filme estrutural e nos filmes de arquivo. Apontamos também a imbricação entre os conceitos de imanência e vidência, buscando ressonâncias entre a filosofia de Deleuze, a poesia de Fernando Pessoa (Alberto Caeiro) e o cinema, no qual afectos e perceptos puros podem ser observados nos filmes de Oscar Fischinger, Joris Ivens e Stan Brakhage.