Entre coleções e arquivos : Pedro de Angelis e a produção de conjuntos documentais (Buenos Aires, 1835-1852)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Schell, Deise Cristina
Orientador(a): Neumann, Eduardo Santos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/180608
Resumo: Esta tese analisa a trajetória de Pedro de Angelis como um erudito interessado em reunir documentos sobre o passado e o presente da região do Rio da Prata e a história da formação de suas coleções e de seus arquivos durante e por dentro do segundo governo de Juan Manuel de Rosas. De Angelis foi um italiano que chegou a Buenos Aires em 1827 e foi um dos principais escritores públicos do rosismo. Entre 1835 e 1852, ao tempo em que se aproximava do governador, tornando-se, inclusive, archivero do Archivo General de la Província de Buenos Aires, ele se empenhou em colecionar papeis para si e também publicá-los em edições impressas, produzindo uma série de conjuntos documentais. A “Colección de obras y documentos relativos a la historia antigua y moderna de las Províncias del Río de la Plata” editada de 1835 a 1839, sua obra mais conhecida, foi um deles. Tendo sido dedicada a Rosas, a Colección é analisada neste trabalho como um arquivo formatado pelo erudito sobre o passado da Confederação Argentina. Através dos documentos que nela reuniu, De Angelis promoveu o discurso do regime para o qual trabalhava. O mesmo foi feito pelo italiano em outro conjunto documental que conformou entre 1843 e 1851, o “Archivo Americano y Espíritu de la Prensa del Mundo”. Com o Archivo Americano, Pedro de Angelis coletava e levava a público aquelas que considerava fontes sobre o presente. Construía, assim, um acervo sobre o tempo vivido que seria lido pelos seus coetâneos e pelos sujeitos no futuro, contrapondo-se aos escritos dos opositores de Juan Manuel de Rosas, como a Geração de 1837. Por fim, estuda-se como a personagem formou, graças ao “comércio da história” que ocorria no Prata, a sua própria coleção particular de documentos e obras, acumulada desde meados de 1830 até 1852 em sua biblioteca, e como ela se tornou um fundo da Biblioteca Nacional do Império Brasileiro a partir de 1853. Em tempos de Rosas e de dicotomia discursiva entre civilização e barbárie, De Angelis acabou, com suas coleções e seus arquivos, por construir uma dada memória para o governo bonaerense, que não tinha o investimento na guarda e na organização de documentos ou a promoção da escrita da história local como prioridades. Mais do que isso, seus conjuntos documentais acabaram por auxiliar na constituição de si como um erudito preocupado com a preservação de papeis e com a produção de conhecimento.