Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Saldanha, Júlia Schirmer |
Orientador(a): |
Caumo, Wolnei |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/214007
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Resumo: |
A estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) é uma técnica neuromodulatória com potencial para auxiliar no tratamento da dor crônica e outras condições clínicas. O efeito da ETCC, no entanto, está associado com a plasticidade cerebral, de modo que fatores que influenciam nesta plasticidade podem alterar os resultados obtidos com a estimulação gerando variabilidade nos resultados da técnica. A idade é um fator importante que modula a plasticidade, de modo que especificar a idade em protocolos de ETCC pode elevar a eficácia do método, possibilitando o uso mais assertivo em protocolos de pesquisa, como também em tratamentos clínicos. No primeiro estudo apresentamos uma revisão sistemática e meta-análise sobre o feito da ETCC nas medidas de dor em crianças, adolescentes e idosos, com a finalidade de compilar evidências sobre o impacto da idade na resposta à ETCC aplicada em montagens de importância no estudo da dor: córtex motor primário (M1) e córtex pré-frontal dorsolateral (DLPFC). Métodos: Realizamos uma revisão sistemática pesquisando os seguintes bancos de dados: PubMed, EMBASE e Science Direct usando os termos de pesquisa que foram adaptados de acordo com MeSh ou Entree: [(“Adolescent” OR “Children” OR “Elderly” ) AND (“tDCS” ) AND (“Pain” OR “Pain threshold”) AND ( “dorsolateral prefrontal cortex” OR “Motor cortex)]. Pré-selecionamos 228 artigos, 13 foram incluídos na revisão sistemática. A meta-análise incluiu 4 estudos para desfechos de nível de dor e 3 estudos pra limiar de dor, que foram classificados como baixo risco de viés. Apenas estudos com idosos foram incluídos na meta-análise. Resultados: Para desfecho de nível de dor os dados apresentaram considerável heterogeneidade (I2 = 60%), foi então aplicado um modelo de efeitos aleatórios. Um total de 96 pacientes recebeu estimulação ativa e a maioria dos estudos favorece a ETCC ativa, mostrando uma redução significativa (P = 0,002) dos níveis de dor quando comparada à sham. A diferença de média padronizada foi de -0,76 (IC 95% = -1,24, -0,28). Para desfecho de limiar de dor 88 idosos receberam ETCC ativa, mas a análise combinada dos estudos não mostrou diferença quando comparado a sham. Apenas dois estudos foram incluídos para o efeito da ETCC na dor em adolescentes. Os estudos foram divergentes em suas conclusões: um estudo com o uso de ETCC anodal sobre córtex pré-frontal relatou redução de escores de dor, enquanto o outro estudo relatou aumento da sensibilidade à dor. Conclusão: Nossos achados sugerem um efeito favorável da ETCC na redução da dor em idosos. No entanto, o número de estudos 9 incluídos foi pequeno e houve heterogeneidade de protocolos e condições clínicas da população do estudo. O segundo estudo teve como objetivo comparar os efeitos da ETCC anodal sobre o DLPFC e o M1 em adolescentes, adultas e idosas. O desfecho primário foi o limiar de dor pelo calor (HPT), enquanto os desfechos secundários foram o desempenho na tarefa de memória de trabalho (WM), dor moderada ao estímulo térmico e a tolerância ao estímulo térmico. Nossa hipótese foi que o efeito da ETCC seria de maior magnitude em adolescentes, quando a ETCC fosse realizada sobre o DLPFC. Métodos: Foram incluídas 30 mulheres saudáveis, destras, com idade entre 15 e 16 anos (adolescentes, n = 10), 30 a 40 anos (adultas, n = 10) e 60 a 70 anos (idosas, n = 10). Neste estudo cruzado e cego, as participantes receberam três sessões de intervenção: ETCC sobre o DLPFC esquerdo, ETCC sobre M1 esquerdo e estimulação simulada. O intervalo entre as sessões foi de pelo menos 7 dias e com alocação randomizada. Durante a estimulação as participantes realizaram tarefas online de WM. A intensidade e duração da estimulação ativa foi de 2 mA por 30 min. O HPT foi avaliado antes e após a estimulação. As participantes realizaram n-back, uma tarefa de avaliação de WM, durante e também após a ETCC. Para medidas de desfecho foi avaliada a variação percentual do HPT do pré para o pós ETCC e para o desempenho da WM foi avaliado pela tarefa de n-back após a estimulação. Resultados: Um modelo de Generalized Estimating Equation (GEE) revelou que a ETCC anodal sobre o DLPFC reduziu o HPT em adolescentes em 3,5%. Em adultos jovens, a ETCC anodal sobre M1, mas não sobre o DLPFC, aumentou o HPT significativamente em comparação com ETCC simulada. Nenhum efeito significativo para HPT foi encontrado no grupo de idosas. Para memória de trabalho o tempo de resposta para acertos foi reduzido para ETCC anodal sobre o DLPFC em adolescentes, em comparação com os outros dois grupos. Conclusão: Esses achados sugerem que a ETCC anodal modula a percepção da dor e as funções cognitivas de forma diferenciada de acordo com a idade e a área de estimulação, com maiores efeitos em adolescentes alcançados via ETCC sobre o DLPFC. A partir dos estudos realizados concluímos que a ETCC modula sensibilidade à dor de maneira distinta para adolescentes, adultos e idosos. No entanto, também a montagem de ETCC apresenta interação com o fator idade para os resultados da estimulação. Na literatura, no entanto há poucos estudos que abordam o uso da ETCC em medidas de dor para crianças, adolescentes ou idosos. Assim, estudos com rigor 10 metodológico devem ser buscados nestas faixas etárias para melhor elucidar o efeito da ETCC no nível de dor e possível impacto no ambiente clínico. |