Avaliação do comportamento alimentar, do metabolismo e da preferência por exercício físico na vida adulta de animais expostos à restrição de crescimento intrauterino e ao exercício físico voluntário ao longo do desenvolvimento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Cunha, Fábio da Silva
Orientador(a): Marostica, Paulo José Cauduro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/179049
Resumo: Introdução: O período intrauterino, a infância e a adolescência são caracterizados como fases críticas devido a alta plasticidade. Eventos que ocorrem nessas fases moldam o padrão de saúde do indivíduo ao longo da vida. Tentando mimetizar situações adversas que ocorrem em seres humanos como a restrição de crescimento intrauterino (RCIU), que é definida como condição em que o feto não alcança o tamanho esperado para certa idade gestacional, podem ser utilizados modelos animais. Animais que sofreram RCIU apresentam alterações na alimentação e no padrão de exercício físico voluntário. Assim, é possível que a prática regular de atividade física durante o desenvolvimento seja um importante fator modificador do comportamento nesses indivíduos. O objetivo deste trabalho foi avaliar se a exposição ao exercício físico voluntário durante o desenvolvimento, em um modelo animal de RCIU, afeta o comportamento alimentar, o peso, o metabolismo e a preferência por atividade física na vida adulta. Além disso, foram explorados possíveis mecanismos associados às alterações de comportamento com foco no sistema dopaminérgico mesocorticolímbico e nigroestriatal em ratos. Métodos: Ratas Sprague Dawley prenhes foram randomizadas para o grupo controle (Ad libitum - AdLib), que recebeu dieta padrão ad libitum ou grupo restrição 50% (GR50%), que recebeu 50% do consumo habitual de genitoras alimentadas ad libitum. As dietas foram oferecidas a partir do dia 10 até o dia 21 de gestação. Em até 24h após o nascimento, foi realizada a adoção cruzada formando os grupos: AdLib/AdLib (grupo controle), GR50%/AdLib (grupo RCIU). O desmame ocorreu no dia 21 de vida dos filhotes, sendo que estes foram randomizados por peso, ficando três machos por caixa, e expostos ao exercício ou não conforme os seguintes grupos: a) Roda trancada (RT); b) Roda livre (RL); c) Sem roda (SR). Foram avaliados: a quantidade de exercício físico voluntário medido por 24h nos dias 35, 49 e 63 de vida e, na vida adulta, o consumo de ração palatável, a preferência condicionada por lugar induzida pela roda de corrida, os exames bioquímicos, assim como os níveis de receptores D2 no estriado e no núcleo accumbens (NAc). As comparações entre os grupos neonatais (controle e RCIU) foram realizadas separadas por exposição ao exercício (RT, RL ou SR). Resultados: Não foi encontrada diferença entre os grupos RCIU e controle com relação à quantidade de exercício físico realizado, independentemente do tipo de exposição ao exercício ao longo do desenvolvimento. No teste de condicionamento por lugar, os animais RCIU expostos à RT condicionaram menos ao local pela presença da roda de corrida quando comparados aos animais controles também expostos à RT, no entanto essa diferença não apareceu quando as animais foram expostos à RL. O consumo total de ração palatável e o número médio de porções, no ciclo escuro, foram maiores no grupo RCIU sem acesso à roda de corrida (SR). Também, somente nos SR, o grupo RCIU pesou mais e apresentou maior percentual de gordura que o grupo controle. Porém, na presença da RL, o grupo controle pesou mais que o grupo RCIU. Os níveis de insulina foram maiores no grupo RCIU comparados ao grupo controle somente com a RL e, nas análises do índice homeostatic model assessment (HOMA-IR), o grupo RCIU apresentou resultados maiores, indicando maior resistência à insulina, do que o grupo controle, somente nos animais SR. Ao avaliar os níveis de receptores dopaminérgicos D2 no estriado e no NAc não foram observadas diferenças entre os grupos neonatais. Conclusão: Foi possível identificar que as diferentes exposições ao exercício alteraram o consumo de alimento palatável, o condicionamento de lugar na presença de uma recompensa, o peso corporal, os níveis de insulina e o HOMA-IR na vida adulta, principalmente no grupo dos animais expostos à RCIU, que apresentam maior risco para piores desfechos comportamentais, metabólicos e consequentemente maior chance de desenvolver doenças crônicas. Diferentemente do esperado, não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos neonatais expostos à RL ou RT ao longo do desenvolvimento nos níveis proteicos de receptores D2 no núcleo accumbens e estriado. Assim, a presença da roda de corrida livre ou trancada durante o desenvolvimento apresentou benefícios para os animais quando comparada à situação de não acesso à roda de corrida. Pesquisas com novos delineamentos que envolvam o exercício de força e o controle das variáveis de treinamento físico deverão ser realizadas para complementar os resultados deste trabalho.