Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Henkin, João Saldanha |
Orientador(a): |
Pinto, Ronei Silveira |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/235190
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Resumo: |
O exercício físico tem sido reconhecido por combater diversos efeitos adversos relacionados ao tratamento do câncer de mama (CM). No entanto, evidências a respeito da dose-resposta ideal, assim como a melhor organização das variáveis do treinamento (i.e., intensidade, volume, frequência semanal, modalidade, entre outros), a viabilidade e tipo de atividade que deva ser prescrita para todos pacientes oncológicos visando atingir diferentes desfechos de interesse ainda não foram estabelecidas. Assim, a adoção de diferentes estratégias de treinamento (i.e., menor volume; e/ou supervisão telehealth) poderia contribuir de forma viável e eficaz para abrandar consequências físicas e psicológicas da doença em pacientes de CM. Desta forma, os objetivos dos dois ensaios clínicos randomizados que compõem este estudo foram: I) determinar os efeitos de dois programas de treinamento utilizando diferentes volumes de exercícios de força combinados com exercício aeróbio (i.e., treino concorrente), comparando-os aos de um grupo de controle (sem exercício), sobre desfechos físicos e psicológicos de pacientes diagnosticadas com CM recebendo tratamento quimioterápico; e II) determinar os efeitos de um programa de treinamento físico multicomponente (i.e. exercícios de força, aeróbico, equilíbrio e flexibilidade) associado a um programa de educação em saúde supervisionado de maneira remota, comparando-os aos de um programa somente de educação em saúde, sobre desfechos psicológicos e físicos de mulheres em tratamento primário para o CM. Em ambos os estudos, as participantes realizaram as intervenções duas vezes por semana durante 12 semanas. O primeiro estudo incluiu 28 mulheres, com idade ≥18 anos, diagnosticadas com CM entre os estágios I-III, iniciando quimioterapia adjuvante/neoadjuvante que foram randomizadas para um grupo de treinamento de força realizando séries múltiplas (i.e., 3 séries) mais treinamento aeróbio (SM; n = 9), ou treinamento de força utilizando séries simples (i.e., 1 série) mais treinamento aeróbio (SS; n = 9), ou um grupo controle (GC; n = 10), sem exercício. Os resultados para a fadiga total relacionada ao câncer mostraram que todos os grupos diminuíram significativamente do pré para o pósintervenção (SS: -22,7%; SM: -24,4%; GC: -4,9; p = 0,015), sem diferença entre os grupos (p = 0,491). Interessantemente, para esse desfecho, foi observado um tamanho de efeito (TE) moderado nos grupos SS e SM (d = -0,61 e -0,68, respectivamente), e, insignificante para o grupo GC. Em relação à fadiga neuromuscular, avaliada pelo índice de fadiga em dinamômetro isocinético, o grupo SM apresentou redução significativa após a intervenção (-31,4%; p = 0,045), enquanto o GC aumentou significativamente (+32,7%; p = 0,024). O grupo SS não apresentou modificações significativas desta variável (p = 0,093). Adicionalmente, foram encontrados prejuízos com TE moderado para o GC (d = 0,76), pequeno para o SS (d = 0,28), e benefícios de TE pequeno para o SM (d = -0,28) em relação a esta variável. A força máxima de extensão de joelhos (1-RM) não modificou após as 12 semanas de duração do estudo em todos os grupos (p = 0,326). Todavia, foi encontrado TE moderado para o grupo SS (d = 0,79), pequeno para o grupo SM (d = 0,30), enquanto um TE insignificante encontrou-se para o GC. O consumo de oxigênio de pico não modificou após as 12 semanas de intervenção nos 3 grupos (p = 0,230). A qualidade de vida (QoL) relacionada com o status de saúde global melhorou significativamente do período pré para o pós-intervenção em todos os grupos (SS: 25,6%; SM: 15,3%; GC: 5,1%; p = 0,005), sem diferença entre eles (p = 0,361). No entanto, foi identificado grande TE 6 para o SS (d = 1,02), moderado para o SM (d = 0,59) e insignificante para o GC nesta variável. Conclui-se então que o treinamento de força realizado com baixo volume, combinado com exercício aeróbio, apresenta-se como uma terapia complementar eficaz e suficiente para redução de efeitos adversos relacionados ao tratamento primário de CM. Em relação ao segundo estudo, 19 mulheres diagnosticadas com CM nos estágios I-III que estavam realizando tratamento primário foram randomizadas para realizar um programa de treinamento físico multicomponente telehealth mais educação em saúde (TMES; n=9), ou participar de um programa de educação em saúde isolado (ES; n=10). Os principais achados deste trabalho foram que ambos os grupos reduziram significativamente a fadiga relacionada ao câncer do período pré para o pós intervenção (TMES: -10%; ES: -32%; p = 0,001) sem diferença entre os grupos (p = 0,928). Ainda, melhoraram a QoL em diversas subescalas dos domínios de funcionalidade, de sintomas, e em sua extensão específica para pacientes com CM, contudo, maiores TE favoreceram o grupo TMES na maior parte das subescalas de QoL. Ainda, somente o grupo TMES apresentou benefícios na QoL para os desfechos de função física (TMES: +22%; ES: +4%; p = 0,044) e redução do sintoma de náusea e vômitos (TMES: -100%; ES: -72%%; p = 0,030). Não foi encontrada significância estatística para os desfechos de sintomas de ansiedade-traço (p = 0,505), ansiedade estado (p = 0,235), sintomas depressivos (p = 0,183), capacidade funcional (p = 0,842) e nível de atividade física (p = 0,686). Os resultados do presente estudo demonstram bons níveis de adesão e satisfação para esta população, independentemente do protocolo de intervenção realizado. Dessa forma, a utilização da tecnologia (i.e., chamada de vídeo) para dar suporte às intervenções demonstrou ser uma estratégia viável e eficaz no cuidado de pacientes oncológicos. |