Jovens rurais que permanecem no campo : a sucessão na agricultura familiar em dois municípios gaúchos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Silva, Vera Terezinha Carvalho da
Orientador(a): Schabbach, Leticia Maria
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/132855
Resumo: A agricultura familiar passa por momentos de tensão e instabilidade devido à migração dos jovens para os grandes centros urbanos, o que ameaça a continuidade das unidades produtivas familiares no Rio Grande do Sul. Tal migração, mais do que um movimento demográfico geral de urbanização das sociedades industrializadas contemporâneas, representa um problema social que provoca, não apenas o esvaziamento demográfico do meio rural, mas também um desmantelamento e abandono dos equipamentos sociais ainda existentes no meio rural, tais como: igrejas, escolas, postos de saúde, salões comunitários, dentre outros. Diante deste cenário, existe atualmente em torno de 25% das propriedades rurais no Rio Grande do Sul que não terão um sucessor. Para contribuir com o conhecimento das questões atinentes à sucessão na agricultura familiar, esta Dissertação de Mestrado investiga os fatores relacionados com a sucessão e permanência nas unidades produtivas familiares, na contramão da maioria que opta por sair do meio rural. O caminho metodológico escolhido foi a pesquisa qualitativa por meio da realização de onze entrevistas narrativas com jovens rurais de dois municípios gaúchos, selecionados a partir dos seguintes critérios: idade entre 15 a 29 anos; com interesse em dar continuidade ao estabelecimento rural; existência de planejamento familiar da sucessão; presença de jovens mulheres em pelo menos duas famílias; e que os jovens pesquisados refletissem as características de três formas de sucessão previamente elaboradas. Também foram incorporadas as percepções de dois pais dos jovens, que estavam presentes nas entrevistas. Da análise do material empírico foi possível constatar a inexistência de um planejamento explícito da sucessão nas unidades produtivas familiares. Entre os principais fatores que despertam o desejo dos jovens do sexo masculino em permanecerem nas unidades produtivas familiares encontramos: a proximidade das UPFs com os centros urbanos, o que garante o acesso a serviços públicos e espaços de lazer, permitindo que desenvolvam atividades em um dos dois universos e residam em outro; certa autonomia financeira possibilitada pelo fato de todas as unidades produtivas familiares pesquisadas contarem com a alternância da renda mensal com a anual, o que contribui com a sustentabilidade do grupo familiar; bem como as questões afetivas, como o desejo de estar próximo da família e da comunidade. Quanto às jovens, percebemos que as relações de gênero continuam fortemente marcadas pela desigualdade de participação nas atividades e decisões na unidade produtiva familiar, mas este fator parece ser uma questão naturalizada pelos grupos familiares.