Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Ribeiro, Veridiana |
Orientador(a): |
Simões, Jefferson Cardia |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/276511
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Resumo: |
A reconstrução das condições paleoambientais vigentes na porção continental interna da Planície Costeira do Rio Grande do Sul (PCRS), Brasil, no Pleistoceno superior-Holoceno (38.900–38.155 a 1.590–1.515 anos cal Antes do Presente (A.P.)) por registros palinológicos e de macro-charcoal, controlados por análises faciológicas, geomorfológicas e datações radiocarbônicas (14C), em perfil sedimentar da turfeira de Águas Claras (30o06'24,39” S; 50o49'04,90” W), permitiram inferir que ecossistemas terrestres são muito sensíveis às mudanças de vegetação, impulsionadas pela variabilidade climática em uma escala de tempo milenar. O conjunto de dados permitiu estabelecer diferentes momentos climáticos (MC) e conjecturar que as regiões subtropicais continentais experimentaram variações climáticas com frequência semelhante à identificada em testemunhos de sedimentos marinhos de altas latitudes no Hemisfério Norte, evidente em proxies do sistema de estágios isotópicos marinhos (MIS). O registro interstadial MIS 3 foi confirmado na associação de fácies basal (AF) II [m-fS/om], no MC datado de 38.900–38.155 anos cal A.P., correspondente a uma paisagem com raras árvores, sob condições paleoclimáticas do subestágio Dansgaard–Oeschger (D–O) 8, quando vigoraram condições amenas e mais úmidas. O MC de idade de 14.865–14.230 anos cal A.P. corresponde à fase final do estágio MIS 2, em uma paisagem dominada por ervas e com redução de árvores, caracterizado por condições gerais mais secas e coincidente com o início da retração de gelo da Antártica Ocidental sob influência do Último Máximo Glacial. As concentrações de macro-charcoal de fundo, procedentes de amostras datadas e relacionáveis aos MIS 3 e MIS 2, foram atribuídas a incêndios ocorrentes em diferentes ambientes, depositados em lagoas rasas e pântanos, e atribuídas principalmente a distintos eventos regionais. O registro palinológico do MC 7.329–7.165 anos cal A.P. aponta para a uma diminuição repentina da temperatura já evidenciada em outras regiões do Hemisfério Sul, após o máximo termal do Holoceno, que ocorreu em aproximadamente 8.000 anos cal A.P. A paisagem nesse intervalo constituída eminentemente por vegetação herbácea, era caracterizada pela presença de pântanos com umidade superficial. A evolução das condições paleoambientais de pântano para a turfeira, com aumento da diversidade de grupos vegetacionais, correspondente ao MC de 5.640–5.635 anos cal A.P., foi quase contemporânea à transgressão máxima do nível do mar no extremo sul do Brasil (aproximadamente 5.600 anos cal A.P.). O aumento gradativo de macro-charcoal nesse intervalo indica a recorrência de incêndios vegetacionais regionais. O MC de 1.590–1.515 anos cal A.P., registra mudanças bruscas nas assembleias palinológicas e evidências de um grande incêndio local indicado pela ocorrência de pico expressivo de macro-charcoal, apontando para a diminuição na umidade na área da turfeira e seus arredores, condições que permaneceram até o início da influência antrópica no manejo da turfeira, detectada pela presença de formas exóticas. As reconstruções das paisagens foram desenvolvidas ao longo do intervalo temporal analisado (de 38.000 anos A.P. até 1.500 anos A.P.), a partir da integração de dados palinológicos e macro-charcoal, apoiados em análises faciológicas e geomorfológicas, controlados por idades radiocarbônicas. Os dados obtidos em diferentes idades permitiram inferir, que os MC incluídos no MIS 3, MIS 2 e MIS 1, podem ser correlacionados com mudanças climáticas milenares evidenciadas na curva de temperatura da Antártica, a partir de perfis da razão de isótopos 2H/1H de alta resolução em testemunhos de gelo e a boa correlação entre os diferentes MCs da PCRS e variações da curva de temperatura da Antártica sugere que estas variações também se refletiram no Atlântico Sul no intervalo estudado. |