The experience of nature and the growth of the poet's mind in the autobiographical poem The Prelude, by William Wordsworth

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Coutinho, Márcio José
Orientador(a): Rosenfield, Kathrin Holzermayr Lerrer
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: eng
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/71957
Resumo: Em seu poema autobiográfico O Prelúdio William Wordsworth relata o modo como os principais eventos de sua vida levaram ao seu desenvolvimento espiritual a fim de tornar-se um poeta. Na chamada poesia de Natureza isso pressupõe a influência da experiência direta e viva com os objetos e elementos do mundo natural. Meu intento nesta tese consiste em investigar a qual ponto a formação individual representada na narrativa é resultado da experiência vivida – estética, moral e intelectual – do sujeito em relação às formas belas e sublimes do mundo exterior em paralelo com a constituição imaginativa de sua consciência; ou da elaboração retórica e associativa de imagens, analogias, metáforas, símbolos, conceitos e concepções tomados de um conjunto de saberes literários, filosóficos, religiosos, psicológicos e científicos da tradição ocidental em voga na época de Wordsworth. Além disso, busquei examinar de que modo a experiência da Natureza se associa ao papel da educação formal e da observação impactante da estrutura social e política advinda das transformações da modernidade, vindo a formar a visão de mundo do poeta e a crença no papel fundamental da poesia como depositária laico-sagrada da sabedoria essencial da humanidade. Os argumentos que dão sustentação à minha interpretação do poema baseiam-se na análise de uma estrutura narrativa de história individual de nascimento em meio ao mundo natural, de criação de laços de pertencimento a este meio, de afastamento da Natureza e de retorno a ela. A região natal de Wordsworth no Disrito dos Lagos Ingleses, no Norte da Inglaterra, é vista como equivalente primeiro da Natureza. Portanto é represetada analogicamente como um parâmetro físico e sensível que fundamenta aquilo que o herói deverá entender como Natureza: primeiro enquanto mundo visível, e a partir deste corolário em suas dimensões sensoriais e sentimentais, intelectuais e emocionais, morais e espirituais. Destarte, esta pesquisa organiza-se em três partes. Na primeira parte, procurei reconstruir as experiências do herói ao longo dos principais eventos de seu percurso autobiográfico, com vistas a reconstituir o seu sentido para a construção (Bildung) da sensibilidade do sujeito, emocional, intelectual e espiritualmente, de acordo como estas experiências tenham sido vividas ou recordadas. Na segunda, tratei separadamente dos tipos de contato empírico do herói com as formas naturais em momentos de observação, contemplação e meditação, dando ênfase à percepção sensorial, especialmente em suas funções visual e auditiva; aos impulsos sentimentais e emocionais ligados à sensibilidade corporal; e finalmente à intuição transcendente e à visão metafísica que acompanha as relações espirituais sentidas na responsividade anímica e espiritual do sujeito – em comunhão tranquila ou êxtase elevado – com a essência mais profunda manifestada na vida das coisas que o rodeiam. Por fim, na terceira parte, voltei-me para a análise dos recursos empregados para a construção estética e reelaboração retórica dos conteúdos da experiência humana representados na narrativa a partir da associação de conteúdos imaginários, metafóricos, simbólicos, conceituais e alusivos que indicam a apropriação de um conjunto de saberes e conhecimentos tomados de empréstimo a uma tradição intelectual e letrada. Enquanto resultado, sustento a tese de que Wordsworth combina dois elementos fundamentais na construção poética de O Prelúdio. De um lado há a expressão emocional dos efeitos interiores causados pela impressão das formas naturais, com base no que se pode conceber enquanto representação realista, ou seja, fiel às formas empíricas da percepção humana e relativa à atenção do sujeito ao ambiente circundante e à cor local. De outro, constatei a reelaboração de imagens, motivos e topói, bem como noções conceituais e alusões que remetem à afirmação de uma visão de mundo cara ao espírito Romântico, assim como a crítica cortante, apesar de velada, a um conjunto de práticas institucionais, sociais e políticas que ameaçam a integridade de um mundo orgânico que o eu-lírico julga ideal para o aperfeiçoamento do espírito humano em condições de harmonia com o universo onde vive – a Natureza.