Funcionamento cognitivo no transtorno bipolar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Lima, Flávia Moreira
Orientador(a): Rosa, Adriane Ribeiro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/202532
Resumo: Historicamente, o transtorno bipolar (TB) tem sido tipificado por seus sintomas de humor. No entanto, estudos recentes têm demonstrado que a disfunção cognitiva no TB é prevalente, persistente e heterogênea. Devido ao seu impacto negativo no funcionamento psicossocial, qualidade de vida e prognóstico da doença, a disfunção cognitiva tornou-se uma questão importante no manejo do TB. A detecção e tratamento da disfunção cognitiva pressupõe o uso de medidas cognitivas apropriadas para avaliação dos déficits cognitivos. O objetivo desta tese foi, além de estudar o funcionamento cognitivo de pacientes com transtorno bipolar eutímicos utilizando medidas cognitivas objetivas e subjetivas, identificar subgrupos cognitivos e seus correlatos demográficos, clínicos, funcionais e dificuldades cognitivas subjetivas. A Escala de disfunções cognitivas no transtorno bipolar (COBRA) foi traduzida e suas propriedades psicométricas foram examinadas e consideradas satisfatórias, portanto, a versão brasileira da COBRA pode ser utilizada para avaliação de dificuldades cognitivas subjetivas em pesquisas e na prática clínica. Para examinar a existência de subgrupos distintos foi conduzida uma análise hierárquica de clusters baseada nas medidas cognitivas objetivas. Adicionalmente, os indivíduos de cada subgrupo cognitivo foram comparados em variáveis demográficas, clínicas, funcionamento psicossocial e medidas cognitivas subjetivas. Foram encontrados três subgrupos distintos: um primeiro cluster com cognição intacta (43,5%), um segundo cluster com comprometimento cognitivo seletivo (33,3%) e um terceiro cluster com comprometimento cognitivo global (23,3%). O grupo intacto teve mais anos de escolaridade e maior QI estimado do que os subgrupos com prejuízo (global e seletivo). Além disso, o grupo intacto era mais jovem, tinha idade de diagnóstico e idade de primeira hospitalização mais precoce, e um maior número de familiares de primeiro grau com transtorno mental que os indivíduos do grupo global. Não foram encontradas diferenças significativas entre os três grupos quanto ao funcionamento psicossocial e às medidas cognitivas subjetivas. Nossos resultados corroboram os achados recentes de heterogeneidade do funcionamento cognitivo no TB, evidenciando a existência de um continuum de gravidade que varia de funcionamento cognitivo preservado a comprometimento severo. Também identificamos QI estimado e anos de educação como as variáveis que diferenciam o grupo com cognição intacta dos grupos com algum grau de comprometimento. No entanto, os três subgrupos apresentaram funcionamento psicossocial prejudicado e dificuldades cognitivas subjetivas, o que significa que mesmo os pacientes do grupo intacto vivenciam dificuldades cognitivas e psicossociais diárias. Os estudos aqui apresentados contribuem para uma melhor caracterização e compreensão da disfunção cognitiva no TB. Uma avaliação abrangente, buscando integrar dados objetivos, subjetivos e informações clínicas, é essencial para determinar a natureza (subjetivo/objetivo) e a gravidade (intacto-seletivo-severo) da disfunção cognitiva. Esses achados fornecem apoio adicional à necessidade de desenvolver novos estudos para encontrar estratégias eficazes para prevenir e tratar o comprometimento cognitivo e funcional associado ao transtorno bipolar.