Máquinas que falam (e escutam) : as formas de agência e de interação das/com as assistentes pessoais digitais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Santos, Luiza Carolina dos
Orientador(a): Fragoso, Suely Dadalti
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/220348
Resumo: Essa tese se foca na relação entre o design e a forma de funcionamento de artefatos baseados em inteligência artificial e as formas de interação que são estabelecidas pelos usuários. Através do caso específico das assistentes pessoais digitais, buscamos compreender as possíveis decorrências sociais, culturais e políticas da conformação específica destes objetos, das formas de agência emergentes e das interações e percepções dos usuários. A base teórica utilizada parte da materialidades da comunicação (GUMBRECHT, 2010; KITTLER, 2017), especificidades dos das tecnologias digitais (RIEDER, 2018, WEIZENBAUM, 1966, FAZI E PARISI, 2014) formas de agência dos objetos (LAGNDOM, 1980; LATOUR, 1992) e efeitos das tecnologias no mundo e nas formas de interação que os usuários estabelecem (TURKLE, 2005; SWEENEY, 2013; WALSH, 2015, entre outros) O problema de pesquisa que esta tese responde é: Como podemos compreender as formas de agência dos sistemas de inteligência artificial baseado em interação por linguagem natural? Para responder esta pergunta, utiliza-se três camadas analíticas: uma camada técnica, uma científica e outra social. A camada técnica se preocupa com a forma como os objetos são programados e de que forma funcionam; a científica propõe perceber como os discursos e os fazeres científicos do âmbito da inteligência artificial e do design determinam certos direcionamentos para os artefatos desenvolvidos; e a camada social analisa elementos e estruturas culturais que são replicados nas tecnologias, assim como formas de relação e interação entre pessoas e estes dispositivos. Os passos metodológicos adotados para operacionalizar essa investigação são: a) pesquisa bibliográfica no âmbito da ciência da computação, design e ciências humanas e sociais; b) leitura e análise de material documental sobre o uso e recepção das assistentes pessoais digitais; c) auto-observação da utilização das assistentes pessoais digitais, inspirada em métodos etnográficos; d) coleta de dados quantitativos através de um formulário online em torno dos usos e percepções dos usuários; e) coleta de dados qualitativos através de entrevistas semi-estruturadas em profundidade sobre usos e percepções dos sujeitos. Os dados obtidos em todas as etapas mencionadas foram analisados a partir de cinco fatores: a lógica computacional; a interface e as possibilidades de interação; o antropomorfismo dos artefatos; a voz e a fala como forma primordial de interação; o gênero dos objetos e as relações sociais. Destacamos como resultados obtidos: as formas de relacionamento entre humanos e máquinas humanoides ainda está sendo negociada e depende das condições específicas e dos contextos nas quais é utilizada. As assistentes se constituem como artefatos ficcionais, que propõe uma aproximação e um afastamento do humano, e, com isso, geram duas formas de interação particulares com os usuários: a brincadeira ficcional e o teste sistemático das possibilidades do sistema. A utilização da fala como forma de interação passa por técnicas e fórmulas dos usuários para se fazerem compreender adequadamente, não sendo compreendida por estes como mais natural e sendo fonte do sentimento de estranhamento. As relações com as assistentes são cortadas por características de gênero e personalidade, com percepções variadas dos usuários sobre os papéis que estes fatores operam na interação.