Ensaios sobre política monetária, forward guidance e credibilidade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Ramos, Pedro Lutz
Orientador(a): Portugal, Marcelo Savino
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/150509
Resumo: Devido ao uso crescente de Forward Guidance (FG) pelo mundo e pelo Banco Central do Brasil (BCB), essa tese se dedica a estudar a aplicabilidade dessas medidas para o Brasil. No primeiro estudo, reunimos a literatura sobre o assunto e verificamos que apenas a versão quantitativa do Forward Guidance é recomendada, pelos ganhos institucionais e pela capacidade de evitar mau entendimento sobre a condicionalidade das previsões. Contudo, a versão qualitativa, a mesma que foi empregada pelo BCB, não é recomendada por não trazer os benefícios institucionais e estar mais sujeita às críticas de não condicionalidade das projeções e sobreposição da análise do Banco Central sobre o mercado. Destacamos que na literatura empírica não é claro que há um ganho de eficiência através de aumento da previsibilidade das ações da autoridade monetária com o uso do FG. Adicionalmente, podemos perceber, ao avaliar o comportamento das expectativas de mercado no período, que a autoridade monetária passou a usar FG, que o mercado seguiu as instruções mesmo na presença de choques inflacionários, mas alterando sua avaliação sobre a meta implícita de inflação, ou seja, o mercado acreditou que era uma projeção incondicional. Já no segundo estudo, através de análise fatorial, decompomos baseado na técnica de Gürkaynak, Sack e Swanson (2005), em componentes não observáveis a reação da curva de juros curta após a divulgação do comunicado do Copom Encontramos dois fatores não observáveis ortogonais, o que significa dizer que o mercado brasileiro, além de captar a mensagem sobre a taxa de juros corrente e seus desdobramentos sobre a curva de juros, existe outro componente que reflete a reação à comunicação, mas que interfere na trajetória da taxa de juros não relacionada à mudança na taxa de juros corrente. Ao regredir esses componentes contra a expectativa de inflação, percebemos que na Gestão de Henrique Meirelles, a autoridade afetava as expectativas de inflação aumentando o nível de informação do mercado e tinha capacidade de se comunicar e ser compreendido. Já na Gestão de Alexandre Tombini, perdese a capacidade de movimentar as expectativas de inflação com comunicação e a taxa de juros corrente passa a ser a única forma de reduzir as expectativas inflacionárias dos agentes. Por fim, no terceiro estudo, implementamos os choques antecipados de política monetária em um modelo DSGE de pequena economia aberta, a fim de medir o efeito de Forward Guidance na economia caso fosse feito com total credibilidade. Verificamos que a medida é muito poderosa caso implementada de maneira crível. Também podemos verificar, ao comparar com um anúncio não crível, que a trajetória esperada da taxa de juros exerce um papel importante sobre a economia e que a credibilidade em um processo de estabilização macroeconômica é fundamental. Em resumo, encontramos evidências de que a experiência do FG brasileiro não apresentou os resultados desejados e a sua utilização não é recomendada, seja porque é uma medida que traz poucos benefícios e muitos riscos, seja porque temos evidências de que a autoridade não consegue manejar as expectativas de inflação com comunicação Contudo, caso o BCB recupere essa capacidade, como no passado, entendemos que os impactos de anúncios que surpreendessem a curva de juros seriam elevados. Ainda, nosso estudo reforça a análise de Woodford (2005) de que a compreensão do mercado acerca dos planos da autoridade monetária é chave para que a política monetária ganhe eficiência. Por isso, ter credibilidade é algo extremamente importante e quando se quer estabilizar uma economia deve-se buscar essa qualidade o quanto antes. Por fim, podemos inferir que a política monetária atualmente perdeu parte da sua eficácia, uma vez que os agentes não apreçam a taxa de juros necessária para colocar a inflação na meta e, como veremos no terceiro artigo, é importante que a trajetória esperada seja idêntica ao plano do Banco Central.