Competências dos enfermeiros para atuação em desastres : construção e validação de um instrumento de avaliação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Marin, Sandra Mara
Orientador(a): Witt, Regina Rigatto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/173136
Resumo: Introdução: Os desastres demandam a atuação de equipes de várias instâncias com preparo e qualificação. Os enfermeiros participam das equipes de saúde na resposta aos desastres. Referenciais de competências têm sido recomendados para a formação e avaliação dos enfermeiros, porém existe uma lacuna em relação a instrumentos validados para essa finalidade. Objetivo: Construir e validar um instrumento de avaliação de competências dos enfermeiros para o atendimento em desastres. Método: Foi desenvolvido um estudo metodológico. O estudo foi desenvolvido em duas Etapas: I- verificação de validade de conteúdo e aparência e II- verificação de aplicabilidade e confiabilidade com teste-reteste do instrumento. Participaram da Etapa I, 8 experts em atenção as emergências e desastres no Brasil, selecionados a partir de busca na consulta ao curriculum vitae da Plataforma Lattes (CNPq). Na etapa II participaram 326 enfermeiros atuantes do Serviço Atendimento Móvel de Urgência do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e para o reteste 21 enfermeiros. As competências iniciais para a construção do instrumento foram extraídas do ICN Framework of Disaster Nursing Competencies International Council, do Conselho internacional de Enfermagem e pela Organização Mundial de Saúde. Os itens que compuseram o instrumento foram as 51 competências da fase de resposta distribuídas em 4 domínios: Cuidados à Comunidade 11 competências; Cuidados do indivíduo e família na Avaliação e Implementação 25 competências; Atendimento Psicológico 9 competências e Cuidados de populações vulneráveis 6 competências. Para validação de aparência e conteúdo, a abordagem qualitativa permitiu análise descritiva das opiniões dos juízes-especialistas. Na etapa I, foram utilizadas o Índice de Validade de Conteúdo (IVC) e Índice de Fidedignidade ou concordância Inter Avaliadores (IRA), considerados válidos a partir de 80% de concordância entre os avaliadores. Na etapa II, para avaliação das competências foi utilizada uma escala de Likert com valores 0- leigo, 1-novato, 2- aprendiz, 3-competente, 4- proficiente. Os enfermeiros se avaliaram como aprendizes e competentes, ou seja, com algum conhecimento e experiência ou com o conhecimento e experiência necessários para as competências descritas. As variáveis quantitativas foram descritas por média e desvio padrão ou mediana e amplitude interquartílica. Os testes realizados para verificar as propriedades psicométricas do instrumento foram o coeficiente alfa de Cronbach; aplicabilidade e confiabilidade teste-reteste com o uso do teste t para amostras emparelhadas e coeficiente de correlação intraclasse; validade fatorial através da análise fatorial com rotação Varimax e extração dos fatores por componentes principais. Essas associações foram avaliadas pelos testes t-student e Análise de Variância (ANOVA) one-way complementada pelo teste de Tukey. A análise estatística foi realizada utilizando-se o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 21.0 e o nível de significância adotado foi de 5%. Resultados: Das 51 competências analisadas pelos juízes na primeira rodada, 26 foram validadas, quatro foram excluídas, uma recebeu sugestões para modificação e uma foi acrescentada. Na segunda rodada, das 23 competências, 15 obtiveram validação e 8 foram excluídas, permanecendo o instrumento com 41 competências distribuídas em 4 domínios. Na etapa de aplicabilidade de confiabilidade pela Análise Fatorial, as competências foram analisadas em conjunto com as dimensões definidas pelos enfermeiros especialistas, verificando correlações e simetrias que geraram 3 fatores ao invés dos 4 previamente propostos. Os valores de alfa de Cronbach para os 3 fatores foram de (α>0,92) e para o instrumento de 0,96, representando uma boa consistência interna. Na confiabilidade na forma de reteste não houve diferença significativa entre os escores no teste e reteste. Os valores do coeficiente de correlação intraclasse foram superiores a 0,7, demostrando boas confiabilidade e reprodutibilidade do instrumento. Conclusão: O instrumento mostrou-se com boa consistência interna na validade fatorial e apresentou adequada reprodutibilidade no teste-reteste. Se apresenta com apropriada aplicabilidade para medir o que se propõe, ou seja, avaliar as competências dos enfermeiros em desastres. Recomenda-se a articulação de ações que verifiquem se as competências dos enfermeiros em desastre são aceitas e adaptadas universalmente para cada realidade, a fim de contemplar todas as necessidades das populações afetadas. A utilização do instrumento é um ponto de partida para avaliar o nível de formação dos profissionais que atuam em serviços de emergências para enfrentamento de desastres. Capacitar essas equipes a partir das necessidades observadas pelos resultados obtidos com a aplicação do instrumento de avaliação, servirá para obter indicadores para a base de formação desses profissionais. Observa-se que cada equipe de enfermeiros possui proficiências e exigências diferenciadas. Isso é influenciado por vários fatores como: grau de formação, experiência profissional, atuação em eventos de emergências e desastres entre outros. A partir dos resultados obtidos por meio da aplicação do instrumento de avaliação, será possível realizar diversas atividades e direcionamentos para esses profissionais.