Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Araújo, Carina de |
Orientador(a): |
Gerchman, Fernando |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/254382
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Resumo: |
A obesidade é definida pelo acúmulo excessivo de gordura corporal e sua presença é um importante fator de risco para o desenvolvimento de resistência à insulina e disfunção da célula β-pancreática, aumentando as chances de desenvolver diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Apesar dos diferentes tratamentos propostos para seu controle, sua prevalência, de uma maneira geral, tem aumentado de forma preocupante ao redor do mundo. Estudos demonstram que a fissura por alimentos está intimamente associada ao ganho de peso. Neste sentido, o aumento da atividade de circuitos cerebrais na região do córtex pré-frontal dorsolateral (CPFdl) poderia gerar benefícios terapêuticos no tratamento da obesidade, tendo em vista que esta região cerebral foi previamente associada à redução da fissura por alimentos, assim como no controle glicêmico, já que o aumento da excitabilidade neuronal está associado à abertura dos canais KATP nos neurônios hipotalâmicos, levando à supressão da gliconeogênese hepática. Portanto, a estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) emerge como uma possível técnica coadjuvante ao tratamento do excesso de peso e da resistência à inslina. Trata-se de uma técnica de neuromodulação não-invasiva que permite um método seguro, indolor e de baixo custo para a indução de neuroplasticidade, ou seja, modular a função cortical e influenciar os processos cognitivos associados ao comportamento alimentar, mais especificamente, na regulação do apetite e do consumo alimentar. Diante do exposto, nesta tese avaliamos a segurança e o potencial terapêutico da ETCC combinada a uma dieta hipocalórica na redução de peso, redução do desejo de comer, do consumo alimentar e na melhora do perfil glicêmico de indivíduos com sobrepeso ou obesidade. Por meio de um ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, 28 indivíduos (79% com obesidade; 37,6 [5,8] anos) completaram quatro semanas (20 sessões, cinco dias consecutivos por semana) de ETCC anódica com dose fixa de 2 mA por 20 min, sobre o CPFdl direito, associada a uma dieta hipocalórica para perda de 3% do peso inicial. Os participantes foram randomizados na razão de 1:1 e estratificados por sexo em ETCC ativo ou ETCC placebo. A perda de peso foi avaliada por meio de medidas semanais do peso corporal. O desejo de comer foi avaliado por escala visual analógica no início e no final do estudo. O consumo alimentar foi medido por registro alimentar de três dias com pesagem de alimentos no início, durante e ao final do estudo. A glicose, a insulina e a albumina glicada foram avaliadas em jejum e as estimativas de sensibilidade à insulina de Matsuda, secreção de insulina e função da célula β pancreática foram avaliadas por meio de um teste de tolerância à refeição de 4 horas, realizado antes e após a intervenção. Os aspectos de segurança e viabilidade foram avaliados por questionários de efeitos adversos, depressão, ansiedade, humor, qualidade de vida e do sono no início e no final do estudo. Os resultados demonstraram que, embora tenha havido maior perda de peso no grupo ativo do que no grupo placebo (ativo: ‒4,5 kg [95% IC: ‒9,4; 0,5] vs. placebo: ‒2,3 kg [‒5,0; 0,3]), essa diferença não foi estatisticamente significativa (p = 0,786). No entanto, o grupo ativo apresentou menor desejo pelo consumo de doces (‒23,7 pontos percentuais [‒40,2; ‒7,1] vs. 1,0 ponto percentual [‒13,3; 15,2]; p = 0,039), melhora significativa nos valores de glicose (‒7,8 mg/dL [‒13,9; ‒1,6] vs. ‒0,9 mg/dL [‒4,0; 2,2]; p = 0,045) e insulina de jejum (‒7,7 μIU/mL [‒13,9; ‒1,6] vs. ‒1,3 μIU/mL [‒3,3; 0,7]; p = 0,020) e no índice de sensibilidade à insulina de Matsuda (4,6 pmol-1×mmol-1 [1,7; 7,4] vs. 1,1 pmol-1×mmol-1 [‒1,1; 3,2]; p = 0,024). O estudo se mostrou seguro e com mínimos efeitos adversos, tendo em vista que não houve alterações significativas nos escores de depressão, ansiedade e qualidade do sono, bem como entre as diferentes subescalas do questionário de qualidade de vida. Os resultados deste estudo piloto definem uma perspectiva de que esta modalidade terapêutica possa ser desenvolvida como uma estratégia potencial para o tratamento do excesso de peso e de anormalidades da homeostase glicêmica em indivíduos com excessod e peso. Além disso, confirmam a necessidade de protocolos futuros mais robustos, com um número maior de indivíduos investigados, a fim de identificar a eficácia da ETCC como uma ferramenta adjuvante no combate à obesidade e ao DM2 na prática clínica. |