Envolvimento do sistema purinérgico no modelo de isolamento social em ratos Wistar adultos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Caetano, Roberta Andrejew
Orientador(a): Battastini, Ana Maria Oliveira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/201568
Resumo: O período do neurodesenvolvimento é caracterizado pela ampla estruturação do sistema nervoso central (SNC) e, portanto, é um momento de grande vulnerabilidade a agentes estressores endógenos e exógenos. Estresses ambientais como infecções durante a gravidez, adversidades na infância e isolamento do convívio social podem prejudicar a maturação do SNC, podendo, em última instância, servir como gatilho para o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos. Roedores submetidos ao modelo de isolamento social pós-desmame apresentam prejuízos cognitivos, no filtro sensório-motor, na neurotransmissão de dopamina e de plasticidade sináptica. O sistema purinérgico é mediado pela sinalização extracelular de nucleotídeos e nucleosídeos. Com relação aos nucleotídeos de adenina, o ATP é hidrolisado até adenosina por ação de uma eficiente cadeia enzimática chamada de ectonucleotidases. Os nucleotídeos e nucleosídeos podem atuar nos receptores purinérgicos, que são divididos em receptores P1 e P2. Os receptores P2 são ainda subdivididos em P2X e P2Y. No SNC, as purinas exercem inúmeras funções fisiológicas e patológicas. Há uma evidente sobreposição dos mecanismos disfuncionais apresentados por animais socialmente isolados e pelas modulações que o sistema purinérgico exerce. Levando em consideração tais evidências, a presente dissertação teve como objetivo principal verificar se o isolamento social induz alterações na sinalização purinérgica em diferentes estruturas cerebrais de ratos. Para isso, ratos Wistar de 21 dias foram isolados socialmente por 8 semanas, e em seguida, verificamos diferentes fenótipos comportamentais e parâmetros neuroquímicos relacionados com o sistema purinérgico foram conduzidos. Primeiramente, foi observado prejuízos no filtro sensório-motor e aumento da interação social com ratos desconhecidos nos ratos isolados socialmente. Quanto os parâmetros neuroquímicos, nossos resultados mostraram um acúmulo de ADP no líquido cefalorraquidiano e um aumento da hidrólise do ADP em sinaptossomas de hipocampo e estriado nos animais que foram criados isoladamente. Por último, nas análises de expressão gênica, observamos diferentes alterações em diferentes estruturas cerebrais. O córtex pré-frontal apresentou redução na expressão gênica de adora2a, p2ry1 e p2rx5 nos animais que passaram pelo isolamento social. O hipocampo, por sua vez, apresentou regulação positiva dos genes p2ry4, p2ry13 e p2ry14 nos mesmos animais. Foi observado, ainda, que o estriado foi mais afetado pelo isolamento social, uma vez os animais submetidos ao isolamento apresentaram uma modulação negativa dos genes adora2a, p2rx4, p2ry2, p2ry6, p2ry12, p2ry13, entpd1, entpd2 e entpd3. Desta forma, nossos resultados demonstraram que o isolamento social pós-desmame promove abundantes alterações na sinalização purinérgica. Baseado em dados existentes na literatura, os dados obtidos nesse estudo podem indicar, no córtex pré-frontal, alterações de receptores envolvidos em processos cognitivos e de neurotransmissão de dopamina e glutamato. No hipocampo, apesar da escassez de estudos acerca desses receptores, parece haver indícios de disfunção microglial. O estriado, por sua vez, apresentou alterações de receptores associados, principalmente, com modulação de dopamina e disfunção microglial.